A primeira palavra que eu falei foi para chamá-lo. Sempre trabalhou longe. Ficava alguns dias, as vezes semanas, longe de casa. Curiosamente só me lembro de quando ele estava por perto. Nossas brincadeiras na infância e nosso trabalho duro plantando e replantando a horta, construindo a estufa, plantando nossas araucárias (tínhamos mil mudas!), de tudo isso eu lembro como se fosse ontem.
Meu herói.
Me defendia de bicho papão, de cachorro brabo e de cobra. Me botava no colo e me deixava segura. Me ensinou muitas das coisas mais valiosas que eu sei hoje, sobre gente, sobre planta, sobre politica, sobre pedras, sobre amor. Tem gente que não tem paciência pra ele quando começa a contar histórias. Eu adoro as suas histórias.
Meu amor.
Mesmo longe sempre esteve perto. De longe a gente passeava dormindo, combinava nossos encontros em qualquer lugar do mundo. Ele diz que quando a gente dorme nossos
espíritos podem fazer o que quiser. E eu acredito em tudo o que ele diz.
Meu professor.
Me ensinou a fazer arroz, macarrão e bolo sem receita. Me ensinou que a distância não destrói os laços, fortifica. Descobriu, quando nem eu mesma sabia, o que eu ia ser quando crescesse. Me dá força sempre que eu preciso. Me ensinou que a vida tem altos e baixos, mas que nós é que damos direção a ela.
Meu pai.
Ontem, pela primeira vez, eu o vi frágil. Pela primeira vez eu o ouvi chorar. Queria poder estar do seu lado. Queria poder retribuir o colo, os afagos, os beijos. Queria dividir com ele a dor da perda. A perda de um irmão, amigo e companheiro não é fácil. Queria poder ajudar mais. Sofro com o seu sofrimento e espero que o tempo abrande o seu coração.
Um comentário:
força pra vc.
força pra seu peipi.
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