quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Em uma palestra um dia desses o palestrante, um rapaz mais ou menos da minha idade, se mostrou indignado em relação a um comercial direcionado ao chamado homem homem. Ele se sentiu insultado por que os homens eram tratados como um único grupo, sem diferenças. Ele disse que nem conseguia falar muito no assunto de tão irritado que tinha ficado com aquela generalização. Juro que nesse momento meu queixo chegou na altura do umbigo e minha boca foi mais rápida que o meu senso crítico, que muitas vezes me impede de entrar em discussões que não vão levar a lugar nenhum. Dei uma resposta curta e direta que acho que teve algum impacto, pois ninguém conseguiu rebater meus argumentos. Abaixo está uma versão estendida, do que ainda ficou entalado na garganta:

Meu caro amigo, e todos os demais homens que se sentem insultados com propagandas machistas, acostume-se, foi o que me ensinaram. Eu me acostumei desde muito pequena com o que as meninas devem usar, como devem se comportar e como devem parecer através das propagandas. Aliás, as propagandas generalizam e ditam o comportamento socialmente aceitável das mulheres desde os seus primórdios. Não importa que eu tenha sofrido e achado injusto não me encaixar nesses padrões. Ninguém se importa com a minha opinião, assim como não se importa com a sua. No seu dia a dia não tem explosões e fugas em moto? No meu não chovem pétalas de rosas e nem por isso eu faço cena diante de uma platéia me fazendo de injustiçada. Quando homem reclama é fofo pq ele é sensível, quando a mulher reclama é mimimi feminazi. Nós sempre tivemos dois pesos e duas medidas, está na hora de equalizar isso, e nós mulheres precisamos apontar como esse comportamento do homem vítima insultado pela propaganda é ridículo. Se ninguém falar, ninguém vai saber. Muitas vezes você mesmo não percebe o tamanho da besteira que está falando pq também foi criado como eu, num mundo onde a opinião do homem é mais importante do que a da mulher. O buraco, amigo, é muito mais embaixo. Me desculpa se eu acho esse tipo de propaganda que coisifica o homem enriquecedora, mas pra mim á uma grande justiça poética. Eu acredito que a gente só aprende o que não fazer com os outros quando percebe que não gosta quando fazem com a gente. Não precisava chegar nesse ponto se houvesse empatia e as pessoas se colocassem umas no lugar das outras. Pensa nisso antes de se  colocar nessa posição constrangedora.






sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Cansaço, recomeço e a Fênix

Quando a gente sai do mundo da gente pra um mundo novo, tudo muda. A nossa maneira de ver as coisas, de lidar com as coisas, a maneira como os outros nos vêem, o nosso comportamento. Tudo muda mesmo.

Mudanças são legais mas são difíceis. Manter a própria identidade durante um grande turbilhão é mais difícil do que parece. Mesmo pra quem gosta das mudanças. Eu gosto muito. É difícil também conviver com as inseguranças das mudanças. Com  o que falta, com o que sobra, com as novidades.

Depois de uma imersão em mim mesma, procuro de volta a superfície. Uma identidade perdida, escondida, meu lugar no mundo. Eu preciso lembrar que ele existe. As vezes eu acho engraçado como a insegurança vem com o tempo e não o contrário. Acho que muitas vezes nós temos muito mais certeza quando não sabemos quantas coisas podem dar errado.

Hoje eu decidi buscar coisas novas. Não mudanças, novidades. Eu esqueci como é bom ver o mundo como se fosse a primeira vez. Eu esqueci como é bom aproveitar os pequenos prazeres. A gente cresce e esquece de experimentar a vida. Não quero essa vida adulta, da rotina sem graça, de viver empurrando com a barriga pra chegar no próximo mês, de pagar as contas e esperar para pagar de novo.

Parece clichê mas eu adoro a história da fênix. Essa coisa de renascimento dá esperança, faz a gente pensar que é possível. Eu sempre acho que é possível, mas as vezes a gente cansa. E é esse cansaço que leva pro próximo nível, que faz a gente ver que tem que começar de novo. Por que a vida é isso, né? Começa e recomeça e recomeça. Até que um dia termina, mas eu acho que ainda estou longe do fim.