segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

E chega o fim do ano. Mais um que acaba, mais outro que começa. E a gente faz um balanço do que foi bom, do que foi ruim, do que podemos levar e do que devemos deixar pra trás. Um ano pode ser um período longo e parecer que durou muito mais tempo, mas ele sempre acaba.

E com o fim do ano chega o novo ano, novas promessas, novas esperanças. Pq nós precisamos de esperança pra seguir em frente. E quando a gente volta pro ano que passou descobre que mesmo as piores experiências podem trazer algum aprendizado. Que buscar sentido na vida não faz muito sentido, mas que nunca deixaremos de fazer isso. Que a felicidade está nos detalhes e depende muito mais da gente do que de todo o resto. Que as boas surpresas acontecem quando a gente menos espera.

E a gente torce para que no próximo ano tudo melhore. A gente torce para que tudo corra bem. Que a gente seja melhor. Que o mundo seja melhor. E mesmo sabendo que nem tudo vai sair conforme o planejado, que junto com as novas esperanças chegam também os novos desafios, a partir da semana que vem teremos mais 365 chances de fazer tudo dar certo.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Amigos

Eles estão ali quando você precisa e quando você não precisa também. Pq ser amigo é isso, é estar lá mesmo estando longe. É acompanhar numa festa bacana ou num programa de índio. É receber aquela ligação de madrugada e conseguir manter a calma. É dar amor sem esperar nada em troca. É dar o ombro quando é preciso e dar a bronca quando é necessário. É cuidar. É poder aparecer a hora que for e ser sempre bem vindo. É ouvir uma piada sem noção e fingir que não ouviu. É fazer o outro se sentir bem mesmo quando não está nada bem. É dizer aquilo que salva o dia do outro sem nem saber que fez isso. É pensar no outro só pq você se importa. É abrir mão de coisas legais pra poder dar apoio em horas não muito legais e não se ressentir por isso. É não só aceitar, mas valorizar as diferenças. É dar valor a cada uma dessas coisas e muitas outras.

Em alguns momentos você precisa mais deles. Você sabe que nada daria certo se eles não estivessem ali. Você sabe que não existiria se eles não existissem também. Você descobre com quais pode contar e fica feliz por isso. Você descobre que alguns simplesmente não são o que você pensava que eles fossem e isso é devastador. Mas você aprende muito numa situação de necessidade. Muitas vezes você só percebe a importância deles quando o turbilhão já passou. As vezes você briga com eles mesmo quando eles só querem te ajudar. Nem sempre você pede desculpas por isso, mas não tem problema.

Eu tenho muito poucos desta espécie na minha vida, mas posso dizer também que tenho os melhores. Eu consegui nesses anos fazer uma coleção incrível. Tenho alguns muito novos, outros muito antigos. Todos peças raras das quais eu não abro mão. Sem eles eu não teria chegado onde estou hoje.

O fim de ano traz reflexões, a gente já incorporou a tradição dos fins e recomeços, da criação de novos ciclos. O ano começou difícil e está terminando difícil também e em todo esse tempo eu não estive sozinha. Nesse momento eu percebo o tamanho da gratidão que eu tenho por vocês. Vocês com certeza se reconheceram aqui, eu não preciso citar nomes. Então o que eu queria dizer pra vocês nesse momento é isso: obrigada!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Esse eu escrevi no fim de semana e nem sabia que a vida ia me pregar mais uma peça. Hoje, relendo, percebi o quanto se encaixa em toda essa loucura que tem sido o ultimo ano. Um começo incerto mas cheio de esperanças. Um acontecimento abrupto e cruel, que testou todos os limites da minha sanidade. Uma recuperação com altos e baixos, ora tranquila ora desvairada. Uma casca forte que escondeu uma fragilidade quase infantil. Dois anjos que fizeram com que continuar fosse mais que uma obrigação, fosse um dever. E um final que relembra e reforça como o destino nunca é condescendente.
-x-x-x-

Difícil seguir em frente. É sempre difícil deixar pra trás o que agente conhece e experimentar o novo de novo. A gente faz, a gente gosta, mas que é difícil, isso é.

A primeira vez que eu me lembro de deixar tudo para trás por uma vida nova foi há muito tempo. Não foi bem uma escolha, mais uma imposição, mas não são todas as mudanças imposições? Aquela história de não mexer em time que está ganhando é tão verdade. Ninguém muda jogo ganho, é loucura! Até a hora que perde, mas aí já ganhou muito daquele jeito e está na hora de mudar.

As imposições que a gente sofre na vida são muitas. Usa mesmo o termo sofrer imposição? Eu acho que sim, pq uma imposição é quase sempre um sofrimento. O maior problema está na falta da escolha, livre arbítrio. A gente sempre se acha muito dono da nossa vida, do nosso nariz, até que vem uma coisa que não tem controle e pra mim isso é uma imposição. Pode ser do destino, pra quem acredita em destino.

Eu sempre gostei de ter liberdade. Na verdade, a possibilidade de fazer qualquer coisa que se queira pode ser assustadora, mas muitas vezes é o que nos mantém no caminho. Quando você sabe que pode fazer o que quiser mas escolhe fazer de uma determinada maneira, parece tão certo que não dá vontade de mudar. Não existe aquela síndrome da obrigação onde somos impelidos a fazer o que querem que a gente faça mas ficamos secretamente sonhando com a vida que queríamos ter. É lindo viver um sonho.

Eu me considero uma caçadora de sonhos. Diariamente eu busco por coisas que me movam na vida. É muito difícil encontrar pq sonhos não nasceram para serem vividos sozinhos. Sonho só funciona quando é compartilhado. Na verdade encontrar os sonhos não é a parte mais complicada, o pulo do gato está em encontrar um sonho possível, ou melhor, pessoas que possam dividir sonhos com você.

Um sonho pode ser uma amizade, uma oportunidade de trabalho, uma nova ideia ou um amor. Um sonho pode durar uma noite ou uma vida. Pode acabar pq acaba, pq cada um ou um dos dois quis viver outros sonhos, pq já não combina com momento, ficou defasado ou deixou de ser sonho. Pode durar pra sempre também. Pra sempre da vida de alguém ou um pra sempre ainda maior.

Mas antes de tudo vem aquela decisão que você finge que foi sua, mas foi imposta, de seguir a diante. E você pensa que vai ser fácil, descobre que vai ser difícil e chega a conclusão que é impossível. Então, como num passe de mágicas, a vida anda e quando você vê já está vivendo um novo sonho.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Existe um mundo em cada cabeça e nele cada um cria o que quiser. É um mundo particular, fantástico, muitas vezes distorcido. Nesse mundo cada um vê a sua vida de um jeito. Sempre que penso nisso lembro das minhas primeiras aulas de desenho e das lições de como a nossa posição diante das coisas muda a nossa maneira de vê-las. Ponto de vista, baby, perspectiva. Funciona muito bem na parte prática da visão física dos objetos e funciona também na aplicação subjetiva da vida, de uma maneira geral.

Eu só tenho como saber da perspectiva da minha mente e do que ela cria. Eu vivo num mundo louco onde as coisas não são, estão. Num mundo presente onde o passado assombra e o futuro amedronta. Um mundo lindo, gostoso e assustador. Viver o momento é um desafio diário. Um desafio pra quem cria dramas sem sentido por não saber conviver com os dramas reais.

Eu vivo por impulso, fazendo a cada momento o que eu tenho vontade. Isso as vezes é bom e as vezes é ruim. Traz muitos benefícios pq não existe um momento desperdiçado, experimentar a vida sem pensar nas consequências é sempre bom. A parte ruim é que existem consequências e elas vem te mostrar que quem faz o que quer precisa arcar com elas. Mas eu sou tarimbada nessa de arcar com as consequências então continuo absorvendo o mundo como se não houvesse amanhã.

Viver como se não houvesse amanhã. Isso eu aprendi de uma forma especial. Aprendi também que é uma loucura linda. Que pode levar a fins trágicos. Mas que vale a pena. Pq vida a gente só tem uma. E se começar a pensar demais, a gente não faz nada, não vive. E os fins acontecem, tendo a gente aproveitado a vida ou não.


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Sabe quando a gente cai e rala o joelho? Não adianta ficar passando pomadas, colocando curativos. Há muito tempo, depois de um tombo no meio da rua, joelho ralado no asfalto, ferida daquelas que sangram feito filme de terror, eu descobri que:
- primeiro precisamos esperar a reação do nosso próprio corpo. Cada um tem um tempo de cicatrização e nada vai fazer isso mudar. Simplesmente aceita o tempo do seu corpo e ajuda ele, apara o cascão, não futuca a ferida e espera.
- não é aconselhável abafar a ferida. Ela precisa ficar exposta, respirar. Ferida guardada não cicatriza, ou demora muito mais.

Os ferimentos curam de dentro para fora. A cicatrização acontece num processo próprio e o corpo sabe o que faz pra se regenerar e se curar. Tem cicatriz que ainda dói durante muito tempo, tem outras que fazem você ficar com uma parte do corpo completamente insensível. Isso tudo a gente só sabe depois que o machucado fecha e vira uma marca. Tem uns que somem com o tempo, tem outros que ficam pra sempre pra lembrar do que aconteceu.

E tem que tomar cuidado com o machucado pra não ferir de novo antes da cicatrização completa. Pq aí qualquer arranhãozinho pode parecer uma tragédia. Então toma cuidado pq tem também aquele curativo que a gente acha que vai fazer bem e gruda na ferida e machuca tudo de novo. Não dá certo querer apressar o tempo do seu corpo. Só o que nos resta é relaxar, curtir o molho que a ferida faz a gente passar, cuidar da gente mesmo pq só a gente sabe do que realmente precisa pra ficar confortável enquanto passa por um processo de cura.




quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Ah, o amor! Tanto se fala sobre o amor, mas o que sabemos sobre ele? Quanto mais a gente vive o amor menos a gente sabe. E quanto mais a gente tem, mais a gente quer. O amor é um vício que transforma a alma. E ele está nas pequenas coisas da vida, vai muito além da relação entre duas pessoas. O amor é um presente que a gente dá para o mundo.

Encontrei ao longo dos meus rascunhos do blog esses pequenos textos que eu chamei de fragmentos de amor. Foram escritos em momentos diferentes mas falam sobre a mesma coisa.

Conquista. Sintonia. Amizade. Amor.

xxx

- Por que você está me olhando desse jeito?
- Por que eu quero.
- Por que eu quero não serve, de verdade, me diz!!
- Por que eu gosto de olhar pra você.
- E por que você gosta de olhar pra mim?
- Aí eu não sei te dizer, mas eu gosto.
- Assim você me deixa sem graça.
- Metade da graça é te deixar sem graça.

xxx

- Eu não estava te procurando quando você me achou.

xxx

- E agora que eu não posso mais te dizer tudo o que eu penso, como eu faço?
- Usa a criatividade.
- Mas eu nem sei se você ainda quer me ouvir...
- Tenta. As vezes o que você quer dizer é exatamente o que eu preciso ouvir.
- Como eu vou saber?
- Você não vai.
- Mas aí eu fico aqui falando um monte, parecendo uma louca.
- E qual o problema? O que as pessoas vão achar é o problema?
- Não, você sabe que eu não ligo para o que as pessoas acham.
- Então, sim, você pode dizer tudo o que você pensa. E talvez, sim, eu vou querer ouvir o que você tem pra dizer. Tenta. Pq pra conseguir, antes de tudo, você precisa tentar.

xxx

E como num conto de fadas os olhos se cruzaram e a gente sabia. Antes mesmo a gente já sabia. E os olhares se encontraram. E o sorriso foi espontâneo. A conversa fluiu. Duas pessoas que querem mas não sabem o que. Simplesmente sabem que querem. É tão fácil e confortável a companhia um do outro. E a gente aproveita cada minuto com palavras, toques e silêncios aconchegantes.




segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Sorte 2

- Você se acha uma pessoa de sorte?
- Depende...
- Depende de que?
- Do ponto de vista.
- Como assim?
- Depende de como você olha pra cada situação. Eu costumo dizer que eu tenho muita sorte, mas que as vezes ela vem ao contrário.
- Sorte ao contrário é azar?
- Não, sorte ao contrário é sorte, só que ao contrário.
- Azar.
- Eu não acredito em azar.
- Então me explica como a sorte pode vir ao contrário.
- É quando acontece uma coisa ruim pra balancear toda a sorte que você já teve. Dar equilíbrio.
- Tá...
- O problema é que quando você é uma pessoa de muita sorte a coisa ruim costuma ser bem ruim.
- E você acha que ainda assim você tem sorte?
- Claro!!!
- Mas pq?
- Pq a sorte ao contrário não anula a sorte de verdade. Tem gente que nunca passa por uma coisa tão ruim quanto a sorte ao contrário, mas também não experimenta o que é ter a sorte boa.
- Então você diz que vale a pena?
- Vale, o que não quer dizer que seria muito melhor que só existisse a sorte boa.
- Mas você não acha que seria melhor as vezes não passar por coisas boas para não ter que lidar com as coisas ruins?
- Não. Mas a gente não escolhe muito. No final o melhor é colecionar boas energias e a vida se encarrega de como vai gastar elas pra você. Não que eu concorde em como as coisas vem de volta, mas...
- Como assim?
- É viver um pouco a vida como a Poliana, vendo o lado bom e usando isso ao seu favor. Ou então como o MacGyver, usa o que você tem pra conseguir o que você quer. Reclamar é fácil. Desistir é fácil. Seguir em frente é sempre o mais difícil.
- Você nunca fica mau humorada nem desiste?
- Não é assim. As vezes a gente quer dar uma pirada, não é? O segredo está em como você lida com essa vontade.
- E como você faz?
- Primeiro eu sempre respiro. Paro, respiro, penso, analiso a situação e procuro a melhor saída.
- E se não tem saída?
- Eu aceito a sorte, mesmo que ela seja ao contrário.
- Aceita e pronto?
- Se eu não aceitar vai mudar alguma coisa?
- Se é um beco sem saída, acho que não...
- Então eu vou ficar batendo contra a parede em um beco sem saída?
- Não. Mas como você sai desse beco?
- Eu dou a volta e procuro outros caminhos.
- Como você sabe que eles existem?
- Eles sempre existem. Nunca existe só um caminho.
- E como você faz pra encontrar?
- Eu procuro.
- E acha fácil?
- As vezes sim, as vezes não. Mas a graça está em procurar. É assim que você vive as melhores aventuras. A sorte está aí, no risco que você corre quando resolve procurar seus caminhos. As chances de acontecerem coisas boas e ruins é a mesma. Se você se dá a chance de viver esse risco, você vive muita coisa boa e muita coisa ruim, mas vive. Se você quer viver em segurança, pode também, mas escolhas seguras tiram o risco, as recompensas e as agruras do risco. Então sorte é isso, é se colocar numa posição em que pode dar tudo certo e pode dar tudo errado. Você torce sempre pra que de certo, mas as vezes da errado. E você tem que lidar com isso. E, se quer continuar tendo sorte, tem que arriscar a sorte ao contrário também.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Quando as palavras não são o suficiente pra expressar os sentimentos a gente simplesmente guarda.

Quando a gente não sabe se as palavras vão chegar onde a gente quer que elas cheguem, a gente simplesmente aguarda.

Eu não sei até quando essas idéias vão continuar pairando na minha cabeça, eu não sei até quando essa vontade vai continuar na minha vida. Enquanto isso eu espero. Eu espero sinais que me digam se vale a pena continuar ou desistir. Se eu contar tudo, você me diz pra desistir. Pq você não viveu o que eu vivi, você não viu o que eu vi. Nem sentiu o que eu senti. E ainda sinto. Até quando eu não sei.

É engraçado pq eu não queria que isso tivesse acontecido desse jeito. Minha preocupação nunca foi comigo. E fui eu quem se deu mal no fim das contas. Como as coisas chegaram a esse ponto eu não vou saber te dizer. Posso ter inventado tudo na minha cabeça? Com certeza. Eu só espero que não seja esse o caso.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Escrever é um passatempo interessante. As vezes relaxa, as vezes aumenta a angustia. Outras vezes serve para fingir que estamos nos comunicando com quem não podemos mais ver ou falar. Escrever exige muito da imaginação, da memória. Nunca sabemos exatamente quem está lendo o que a gente escreve. Não sabermos se estamos passando a mensagem que gostaríamos. Isso é parte do mistério da comunicação. Nunca podemos ter certeza que a nossa ideia está sendo transmitida sem ruídos.

Escrever é desabafo também. E é arte, por menos artísticas que as nossas palavras sejam. É preciso compor as letras em palavras em frases e tudo tem que fazer sentido. Ou não. Depende do objetivo. O sentido só precisa existir se esse for o objetivo da sua escrita. Tem horas que a ideia é apenas se deixar transbordar pra não explodir com tudo que está dentro da cabeça. Pq o cérebro é uma coisa estranha que junta tudo que a gente vai vendo, um colecionador compulsivo, um acumulador. E se a gente não bota pra fora ele pira. Então a gente escreve pra não pirar.

De vez em quando eu escrevo para alguém em especial. Outras vezes escrevo para mim, E ainda tem vezes que escrevo para todo mundo que queira ler. No final, são esses últimos o publico final de qualquer texto daqui, mesmo quando as palavras não são pra eles. Existe sempre a fantasia de que a mensagem vai chegar onde a gente quer que ela chegue, mas a realidade bate sempre deixando claro que isso não é possível. Então a gente finge que é pra poder chegar no final. Pra poder dizer o que a gente quer que o outro escute mesmo sabendo que isso não vai acontecer,

Pouco do que eu escrevo acaba publicado aqui no blog. Essa ideia de expor nossos pensamentos é bem contraditória no fim das contas. De um lado existe a vergonha da exposição, sempre existe. Por isso tem muita coisa guardada nos rascunhos da vida. Do outro lado existe essa vontade de mostrar um ponto de vista, de dizer alguma coisa que ficou guardada e esperar, no sentido der ter esperança mesmo, que alguém vai ouvir e se importar. Eu não sou muito fã de monólogos, mas quando o diálogo não é mais possível, a gente apela para o que é. E é tão ruim falar sem saber se está sendo ouvido, mas pior ainda é não poder nem falar. Então a gente usa as armas que tem e espera. E fantasia que em algum momento a mensagem chegou.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sobre esperança

Esperança é uma coisa boba, mas sem ela a vida fica muito mais difícil. Eu não falo daquela esperança de coisas impossíveis acontecerem, falo das pequenas coisas do dia a dia. Coisas que podem ou não acontecer mais que nós sempre esperamos que aconteça como queremos. Coisas que não dependem de nós, mas torcemos para que os outros escolham como nós escolheríamos. Não é fácil ter esperança. Estatisticamente as suas possibilidades são 50/50 e na vida real as coisas podem pender muito mais para o lado oposto sem nenhum motivo. Mas a esperança é assim, cega, só acredita que no final tudo vai dar certo.

A esperança é também um pouco de ingenuidade. Um pouco não, bastante. Por que quem costuma ter esperança acredita que existe algum motivo especial para que a sua vontade seja feita e não existe nada mais ingênuo no mundo do que achar que os seus motivos são mais especiais que os do outro. Mas existe o lado bom da ingenuidade, que é a falta de maldade. Isso é perigoso mas também é o que nos faz aproveitar mais a vida. A parte ruim é que nós sofremos mais pq a maldade existe e muito e quando nos confrontamos com ela sem esperar, isso machuca.

Seguir tendo esperança as vezes é escolha, as vezes é condição de vida. Tem gente que não consegue ter esperança, eu não consigo não ter, Eu acho que vai dar tudo certo sempre, que a vida é bela, que o mundo tem cheiro de chiclete, que as pessoas são essencialmente boas, que dias melhores virão. Tem dias que é mais difícil pq decepção a gente sempre tem. Na verdade, é o que a gente mais tem. Em relação a outras pessoas, a fatos e situações. O truque é não permitir que as decepções destruam a esperança. A esperança é resiliente. A esperança é flexível. A esperança é a última que morre.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Sobre acreditar

- No que você acredita?
- Não sei... Não acredito em nada e acredito em tudo.
- Mas como assim? Como você consegue explicar tudo ao seu redor?
- Eu nem tento, simplesmente aceito que tudo existe.
- Fácil assim? Você não duvida de nada?
- Eu duvido de tudo, sempre.
- Não tô entendendo então...
- Para de tentar que você acaba entendendo uma hora.
- Você acredita nisso?
- As vezes.
- Pq as vezes?
- Pq tem gente que não consegue parar de tentar entender.
- E você consegue parar de tentar entender as coisas?
- Em determinados momentos, mas não é fácil. O problema é que eu quero entender tudo.
- E aí, o que você faz?
- Eu espero.
- Espera o que?
- Espero minha cabeça ficar bem cansada de tentar entender e desistir.
- Pq desistir?
- Pq quando eu desisto de entender é quando eu compreendo tudo.
- E aí fica tudo explicado?
- Eu não falei sobre explicação em momento nenhum, falei de compreensão...
- Mas você não acha que pra entender as coisas elas precisam de alguma explicação?
- Não.
- Pq não?
- Pq se fosse assim a gente nunca ia entender nada. Se a gente procurar explicação pra tudo acaba muito frustrado.
- Então como você faz? Pára de tentar explicar e a explicação vem?
- Hahahahaha. Queria que fosse fácil assim.
- Mas eu estou usando a sua lógica...
- Pra explicação não serve.
- Pq?
- Pq tem muita coisa que não tem explicação.
- E o que vc faz quando não consegue explicar alguma coisa?
- Eu aceito que aquilo não tem explicação.
- Fácil assim?
- Não, nunca é fácil, mas a gente acaba entendendo isso.
- E se não entende?
- A gente sofre muito.
- Mas tem escolha?
- O sofrimento? Mais ou menos...
- Pq mais ou menos?
- Pq você não escolhe se vai sofrer, mas escolhe como vai lidar com tudo que gera esse sofrimento.
- Como assim?
- O sofrimento existe, está lá. As vezes não tem explicação, as vezes tem. Você pode procurar a explicação ou entender os fatos. Aceitar que nem sempre a gente sabe pq tudo acontece como acontece. A gente aceita e pronto, aí o sofrimento melhora, vc aprende a conviver com ele e ele vira mais uma característica sua. É como a felicidade, ou o amor...
- Agora eu fiquei perdido...
- Você procura explicação pra sua felicidade?
- ... não ...
- Ninguém procura, não de verdade. A gente aceita pq é bom.
- Tá.
- Vc procura explicação pro amor?
- Também não...
- Pq é uma coisa boa, você aceita que ele existe e pronto. A gente só quer explicar o que é ruim, como se as coisas ruins precisassem de explicação e as boas não.
- Então você acredita na felicidade?
- Acredito.
- E no sofrimento também?
- Também.
- E no amor.
- Claro!
- Então você acredita em tudo?
- Não é bem assim, lá vem você tirando suas conclusões...
- Mas foi você quem falou!
- Tudo é muita coisa, eu acredito em um monte de coisas mas não em tudo.
- Você disse no início da conversa que não acreditava em nada.
- Mas também disse que acreditava em tudo.
- E agora não acredita mais?
- Continuo acreditando em nada e em tudo.


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Eu sigo procurando explicações. Explicações para o inexplicável, respostas para todas as perguntas, motivo para o acaso. Irracional? Pode ser.

E eu sigo procurando sinais. Sinais que me mostrem por onde ir, o que fazer. Orientações que me deixem mais tranquila para fingir que eu tenho controle sobre alguma coisa. Loucura? Certamente.

E a vida segue sem explicações, sem sinais, cheia de surpresas, ora boas ora ruins. E a gente segue sem saber o que vai acontecer no próximo minuto, no próximo segundo. Pq tudo pode mudar num piscar de olhos, a vida pode virar do avesso de uma hora pra outra. E cabe a nós, não controlar o que está por vir, não explicar o que aconteceu, mas lidar da melhor maneira possível com cada novidade que a vida traz.


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Talvez

Talvez pra se achar a gente deva se perder. Talvez as coisas vistas de fora façam mais sentido. Talvez tudo aconteça por um motivo e o caos seja apenas uma cortina para a ordem do universo. Talvez tudo melhore mesmo em algum momento. Talvez a vida deva ser vivida várias vezes até que a gente aprenda e possa pedir pra sair. Talvez um dia a gente entenda porque tudo tem que ser tão difícil Talvez das dificuldades venha a aprendizagem. Talvez em algum momento a gente encontre a leveza que a vida já teve um dia. Talvez as mudanças aconteçam por um motivo maior. Talvez a gente só precise esperar passar. Ou talvez a gente tenha que fazer alguma coisa pra que tudo passe. Talvez exista outro lugar onde a vida seja melhor. Talvez não existam fins, mas recomeços. Talvez a gente só precise mesmo aprender a lidar como tudo que está fora do lugar até perceber que a falta de sentido é apenas um novo sentido pra tudo.

terça-feira, 21 de junho de 2016

É como um vicio. As palavras me chamam. Eu passo na porta e não resisto. Eu entro e me perco naquele mundo de histórias, reais ou não, caminhos, possibilidades.

"Você está fugindo?"

" Não, eu estou me encontrando"

Em cada história, em cada mundo eu descubro uma parte de mim. Em cada relato um novo significado, uma nova maneira de ver as coisas. E eu sigo no meu vício de viver tantas vidas de uma só vez.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Pra sempre

Era final do ano, na época do reveillon. A gente estava em casa assistindo a um show de David Bowie pela milésima vez naquelas férias. Tava tocando Heroes. E a gente cantou e dançou. E colocou em looping. E cantou e dançou mais. E eu me sentia feliz, talvez mais feliz do que eu jamais tinha me sentido em toda a vida. Naquele momento eu soube o que era felicidade plena. E por algum motivo isso me fez chorar. Eu chorei muito, forte. Eu soluçava. E ele me abraçava e não sabia o que estava acontecendo. Eu também não sabia. Eu acho que naquela hora eu tive o meu felizes para sempre. Aquela foi a hora em que o mundo parou só pra gente ser feliz. Mas o pra sempre não existe e de alguma forma eu sabia disso naquele momento, por isso as lágrimas. Eu não estava triste, eu só não queria que aquele momento acabasse, eu queria parar o tempo naquele instante pra sempre. Mas o pra sempre não existe. Eu queria reviver aquele momento em looping como a música.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Eu sempre me lembro como você bagunçava tudo na hora de dormir. Como conseguia deitar no meio da cama e ocupar todo o espaço. E eu nunca brigava sério com você por isso. Ainda bem que a nossa cama é grande. Eu me lembro de como eu te abraçava e passava o meu braço por baixo do seu. E de como ficávamos juntinhos pra Nina não entrar no meio, mas ela sempre dava um jeito... Eu lembro do seu ronco suave que embalava meu sono, e dos mais fortes que as vezes me acordavam. E de como eu fazia eles passarem com carinho. E eu lembro que você roubava meu cobertor, meu travesseiro e sempre parecia se divertir com isso. E depois fingia dormir e segurava bem forte pra eu não pegar de volta. Quantas vezes eu precisei levantar pra procurar outra coberta. Eu lembro como você acordava com frio e me pedia pra te esquentar com a barriga quente. Às vezes você reclamava que eu acordava quente demais. E eu te abraçava e te esquentava, que nem naquele filme. E quando você já estava bem quentinho de novo eu levantava. E eu voltava pra dar tchau umas três vezes antes de sair pq deixar você sempre foi a parte mais difícil de sair da cama.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A pior saudade é aquela do que não aconteceu. Pq uma boa lembrança sempre traz bons sentimentos junto, e isso é muito gostoso. Pensar no passado não é ruim, não faz mal, até revigora, dá gás pra seguir em frente. Mas existe essa saudade do que a gente não fez e essa dói.

Planejar é sonhar acordado e sonhar é bom. Quando a gente concretiza um plano então é ainda melhor. Pq melhor que sonhar é viver o sonho na vida real. E gente planeja, pensa no futuro, é natural.

Aí a vida acontece. Pq a vida está sempre pregando peças na gente. Seria bom se pudéssemos sempre viver de acordo com os nossos sonhos, mas não dá. A vida acontece e vira tudo de cabeça pra baixo. E a vida que a gente planejou já não é possível. O sonho que a gente sonhou vai ficar na memória, mas só isso. Por isso essa saudade do que a gente não viveu dói tanto, pq a gente cria expectativa, vive e revive o sonho. E gente não sonha só, não planeja só, não vive só. A gente escolhe nossos pares, pessoas que combinam com a gente e dividem os nosso sonhos. Pq não tem graça sonhar sozinho. E vem a peça da vida pra bagunçar, pra acabar com o futuro que a gente planejou. E a gente eventualmente cria novos sonhos, novos planos, mas eles não apagam os que vieram antes. Esses vão estar sempre ali, pq foram uma possibilidade um dia. E a dor vem com a lembrança do que podia ter sido e não foi.