terça-feira, 30 de setembro de 2008

Experiência

Recebi esse texto por e-mail há algum tempo... Diz a lenda que foi escrito para uma entrevista de emprego numa empresa multinacional por um candidao indagado sobre suas experiências numa redação. Eu não até que ponto isso é verdade, nem sei quem escreveu, mas é bonito o texto. E como hoje eu estou sensível, ele caiu certinho!!! É só uma parte, mas a parte que eu mais gosto.

"Já fiz cosquinha na minha irmã só para ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho e até brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés para fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas
descobri que essas são as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar as estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas, sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei o meu lugar.
Já senti medo do escuro.
Já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua.
Já gritei de felicidade.
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre'pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a lua virar sol,
Já chorei por ver meus amigos partir, mas descobri que logo chegam novos e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

..."

- Autor Desconhecido

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Morena de Angola

Toda fez que ouço essa musica lembro do meu pai. Eu até comprei uma tornozeleira com um guizo por causa dela!!! E meu pai, agora informatizado, me mandou uma mensagem no msn pra avisar o número novo do celular dele. Lembrei da música de novo...

"Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?

Será que a morena cochila escutando o cochicho do chocalho?
Será que desperta gingando e já sai chacoalhando pro trabalho?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?

Será que ela tá na cozinha guisando a galinha cabidela?
Será que esqueceu da galinha e ficou batucando na panela?
Será que no meio da mata, na moita a morena ainda chcoalha?
Será que ela não fica afoita pra dançar na chama da batalha?

Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Passando pelo regimento ela faz requebrar a sentinela

Iá, iá, iáIá, iá, iáIá, iá, iáIá, iá, iá

Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?

Será que quando vai pra cama a morena se esquece do chocalho?
Será que namora fazendo cochicho com seus penduricalhos?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?

Será que ela tá caprichando no peixe que eu trouxe de benguela?
Será que tá no remelexo e abandonou meu peixe na tigela?
Será que quando fica choca põe de quarentena seu chocalho?
Será que depois ela bota a canela no nicho do pirralho?

Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Eu acho que deixei um cacho do meu coração na catundela

Iá, iá, iáIá, iá, iáIá, iá, iáIá, iá, iá

Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Morena, bichinha, danada, minha camarada, vem me velar"

- Chico Buarque

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ouvir Estrelas

Quem nunca ouviu estrelas? Esse com certeza é um daqueles que eu gostaria muito de ter escrito e que da primeira vez que li fez todo o sentido pra mim...


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

- Olavo Bilac

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A insustentável leveza, de novo...

Bem, tem várias passagens desse livro com as quais eu concordo plenamente. Essa é outra delas. É interessante a maneira como ele coloca as coisas de maneira bem simples e clara. Acho que se aplica tanto a homens quanto a mulheres, apesar do exemplo do livro ser um homem. Pelo menos, se aplica a mim, com certeza!

"Tomas pensava: deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (esse desejo diz respeito a uma só mulher)."

- A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

Bom é quando faz mal

Algumas músicas falam sobre isso, mas essa é a que eu mais gosto!!! Ela é um pouco maior, mas essas são as melhores partes.

"Tá fazendo o que em casa?
Por acaso esta doente?
Ver TV é deprimente, não tem nada mais sem graça
Bom de noite é ir pra rua
Mesmo quando está chovendo
Eu que nunca me arrependo
Tá errado, eu tô fazendo
Vai saber o que é normal?
Só que eu posso lhe dizer:
Bom é quando faz mal

...

Conseqüência qualquer coisa traz
Quando é bom nunca é demais
E se faz bem ou mal tanto faz, tanto faz, tanto faz"

- Matanza

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dos amores que eu tive...

Há muito tempo conhecia os dois últimos versos desse soneto de Vinícius, mas depois de ler ele completo que as coisas começaram a fazer sentido. Hoje posso dizer que é um dos meus preferidos.

"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."


- Vinícius de Moraes

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O peso ou a leveza?

Tô lendo esse livro de novo. E cada vez que eu leio parece que é a primeira vez. Um dos motivos pelo qual eu gosto dele é esse trecho, logo no início:

"O mais pesado dos fardos nos esmaga, nos faz dobrar sobre ele, nos esmaga sobre o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo o a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.

Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.

Então, o que escolher? O peso ou a leveza?"

- A insustentável leveza do ser, Milan Kundera

Eu!

Minha mãe ouviu essa música logo depois de descobrir que estava grávida. Foi assim que ganhei o meu nome. Achei uma boa maneira de começar as coisas...

"Lua,
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer
Luiza
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração

Vem cá, Luiza
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar Luiza
Luiza
Luiza"

Tom Jobim