quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Sobre a cidade mais linda do mundo

Depois de ler os comentários feitos numa reportagem sobre a votação dacidade mais linda do mundo eu me vi precisando falar sobre o assunto. É difícil escolher uma só cidade no mundo inteiro, mas cada um faz o concurso que quiser e isso não é problema meu. Os comentários sobre Salvador me deixaram revoltada.

Em primeiro lugar, o concurso não é sobre a cidade mais limpa ou mais segura do mundo. E também não se trata das construções mais bonitas. Pra ver beleza a gente precisa antes de tudo saber o que é beleza, e isso é uma coisa que eu acho que as pessoas sabem cada vez menos.

Das cidades brasileiras concorrentes, eu conheço intimamente duas. O Rio de Janeiro possui uma beleza explícita e eu fico sem palavras para descrever. As montanhas e a maneira como a cidade sobe os morros, mesmo que em barracos. A praia no meio das pedras da Urca, as luzes do Vidigal à noite fazendo uma decoração de Natal o ano inteiro. Ver a lagoa lá do Crsito, ou a baía do mirante Dona Marta. Coisas simples como as curvas do calçadão de Copacabana e o mundo de pessoas que passa por lá todos os dias. Pq gente aproveitando a cidade é beleza também.

Salvador pode estar suja, descuidada e acabada. E, por algum motivo que eu nunca entendi direito, a gente tem problemas em valorizar as próprias qualidades. O por do sol no Farol da Barra, descendo a ladeira do Cristo é o mais lindo que eu já vi. O reflexo no mar parece purpurina! A praia do Porto da Barra, a vista quando descemos a contorno de carro, tomar um sorvete na Cubana do Elevador Lacerda e ver mais uma vez o sol atrás da Ilha de Itaparica. As praias são um capítulo a parte. Eu mostrei uma foto de uma amiga pro pessoal aqui do trabalho, sem photoshop nem filtro do Instramgram e ninguém acreditou que podia ser na Bahia. Parecia Caribe. E a gente se pergunta: pq vem gente do mundo todo pra cá? Pq a cidade é linda, apesar de tudo.

Agora, meus olhos buscam beleza, eles acham a beleza em todos os cantos para onde eu olho. Seja física, seja nos gestos das pessoas, no comportamento, nos olhares, nos pequenos detalhes. Pode ser que eu não veja as coisas como a maior parte das pessoas, pq meu copo está sempre meio cheio e o delas, meio vazio.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Um dia...

Quantas vezes eu me pego pensando em frases que começam com "Um dia..."?

Um dia eu encontro um trabalho que me completa e me paga bem. Um dia eu vou ter dinheiro para reformar a casa, comprar os móveis que eu quero, as decorações e tudo o mais.

Um dia eu entro na academia, eu perco os quilos a mais que ganhei nos ultimos anos. Um dia eu começo a fazer o tratamento de pele, o de celulite, as massagens e tudo o mais que eu tenho direito para ficar linda. Um dia eu faço uma lipo!

Um dia eu vou conhecer Paris, Roma e Barcelona. Um dia eu vou para Nova Iorque, Atlanta, Los Angeles e São Francisco. Eu vou na Disney de novo. Vou conhecer alguma das ilhas do Caribe. E quem sabe o Havaí. Um dia!

Um dia eu vou ter aquela bolsa, aquele sapato, aquela roupa maneira.

Um dia eu vou mudar meu estilo de vida, parar de beber, fazer mais esportes, me dedicar a plantas ou animais ou aos dois. Vou ler mais, vou cozinhar comidas mais saudáveis e separar o meu lixo reciclável de verdade.

Um dia eu vou pensar mais no próximo, fazer mais boas ações. Um dia eu vou ser mais gentil, me comportar melhor, falar menos besteiras.Um dia eu vou ser uma pessoa melhor.

Um dia...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Eu ando chata, rabugenta. Reclamando das coisas e das pessoas. Inclusive de mim mesma.


Tenho saudades de quando eu era mais leve e menos crítica. Mais pra cima e menos pra baixo.

Sei o que não é, mas ainda não sei o que é.

Mas sei também que logo vou descobrir....

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Para os rebocadores

Algumas pessoas nasceram para liderar, outras para seguir. Isso eu entendo e acho que se não fosse assim teríamos mais guerras e confusões do que já temos. O que a frase deixa de fora são as pessoas que nasceram para ser levadas a reboque. Essas, meu bem, eu não entendo de maneira alguma.
Líderes são inventivos, carismáticos, comunicadores. Não são mais inteligentes, mas tem certas habilidades que o mais inteligente dos seguidores não consegue aprender. É algo nato.

Seguidores não são piores. Exite todo tipo de seguidor e cada um tem a sua função no grupo. Um líder não existe sem os seus.

Existem ainda os párias.Pessos que estão alheias a qualquer organização social. Eles também tem o seu valor. Como nada é absoluto, é preciso sempre alguém que questione a ordem para que ela aconteça.

Agora vem a camada social inútil dos levados a reboque. Eu não tenho paciência ou estômago pra esses que não tem a capacidade motivacional do lider, o potencial agregador do seguidor ou o espírito contestador do pária. E, infelizmente, esses são os que mais se reproduzem, no estilo "Idiocracy" (filme de comédia escrachada horrível mas com um fundo crítico interessante). Esse não acrescenta, só suga e se aproveita enquanto pode. E a culpa é quase sempre nossa pois alimentamos esses parasitas, muitas vezes sem ter a maldade no coração pra perceber que estamos sendo usados.

Então, fica a dica: olhe em volta, preocure quais das pessoas que te cercam contribuem e exclua os rebocados. Se cada um de nós der um basta em um desses carrapatos, quem sabe não conseguiremos estirpar a raça dos aproveitadores?

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

É impressionante como pequenas situações podem causar um grande desconforto na nossa vida. Detalhes que para algumas pessoas parecem simples de se resolver, para outras levam a um estado de extrema angústia. Qualquer situação de confronto em que eu sei que vai acontecer algum desgaste entre as partes por causa das opiniões divergentes me causa um sentimento negativo tão forte que, sempre que possível, eu procuro evitar essas situações. E quando não dá pra evitar a gente tem que enfrentar.


O injusto da situação toda é que a intolerância alheia, a incapacidade do outro de se colocar no lugar do um, é que causa todo o desconforto. A mania que um grupo tem de se colocar em posição desigual, de cobrar um retorno além do que se é oferecido. E é tão difícil não se descontrolar e agir da mesma maneira, só pra desestruturar, por que no fundo a gente sabe que esse comportamento só existe por que foi permitido e que se o vislumbramento do confronto nos é desconfortável, o confronto quando em pé de igualdade é muito pior pro outro lado. Por que a gente se prepara e eles nunca estão preparados para a insurreição.



(Acho que usei todas as palavras bonitas que eu conhecia... rs)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Concha

Antes de começar a falar eu já pensava muito. E num nível de quase loucura. Antes de falar coisas reconhecíveis, eu dava nome as coisas. Nomes meus, que eu entendia, e depois de um tempo, minha mãe e poucas outras pessoas também. E eu tinha amigos invisíveis, não um, mas vários. Uma galera invisível com a qual eu conversava numa lingua que até hoje ninguém sabe dizer qual era.


Comecei contando essas coisas pra ilustrar a construção de um mundo. Um mundo paralelo, onde só existem coisas belas. Um mundo onde o respeito ao próximo existe num nível que não precisa se falar sobre isso. Um mundo de tolerância. Um mundo onde tudo pode e tem vez quando não atrapalha ou ofende o outro. E, acima de tudo, um mundo onde cada coisa, perfeita ou imperfeita, é percebida como bela. Um mundo utópico quase louco. Meu mundo. Minha concha.

Quem convive comigo muitas vezes não entende algumas ações, reações e respostas que eu tenho. Não entendem o meu comportamento ou as minhas opiniões. Ou ainda, a minha maneira de lidar com as coisas e com os problemas. E eu tenho muita culpa nisso.

Vivendo na minha concha, eu pouco saio dela. Eu já tentei e não vale a pena. Me perguntam porque eu não gosto de telejornal, por exemplo. Não gosto e pronto, não tenho que explicar. E me dão sermão dizendo que eu preciso saber o que está acontecendo no mundo. E quem disse que eu não sei? Eu seleciono o que entra no meu mundo pra não contaminar. Por que quando meu mundo se contamina, ele perde o equilibrio e eu perco a razão. E as minhas opiniões vazam, e as coisas que eu penso saem sem querer. E eu não gosto de expor o conteúdo desse meu mundo. Um instagram mental com 30 anos de conteúdo pode parecer desconexo e sem sentido pra quem não sou eu.

Eu não participo ativamente do mundo de todo mundo. Eu estou mais para uma observadora passiva, não como uma pessoa num zoológico observando os animais, mas como um animal que observa as pessoas de dentro da sua jaula. E quando eu tento participar pode parecer muitas coisas, mas quase sempre não parece o que eu quero que pareça. Como um animal numa jaula ruge querendo se comunicar e é erroneamente interpretado como agressivo. Ou ingênuo. Ou revoltado. Ou qualquer outra coisa menos alguém que quer participar. E por isso também eu não participo. Ou participo cada vez menos.

Eu vivo num mundo onde o ser humano é humano e respeitado exatamente por isso. Utopia? Pode ser. Loucura? Provavelmente. Mas é um mundo delicioso. Um mundo lindo que eu não abandono de maneira nenhuma para participar e ser aceita nessa realidade sem sentido.

sábado, 28 de julho de 2012

Café em Copa I

Duas coroas sentadas em um cefá em Copacabana. Vamos convencionar logo no início que por coroa, hoje em dia, entende-se senhoras de cerca de sessenta anos. Bem, estavam as duas sentadas numa das mesas da calçada do café.


Voltando ao início, duas coras em forma, como é comum se ver aqui pelas ruas do Rio, com lipos e liftings de qualidade. Uma delas vestia uma calça de brim branca, justa no quadril, camisa de botões levemente transparente folgadinha, chapéu panamá e um óculos escuros estio Jackie O. A bolsa era um escândalo, estampa exclusiva de alguma grife carioca, com certeza. Saltos altíssimos de cobra amarela, naquele estilo pesadão da moda.

A outra com uma calça de um linho de dois fios, um claro e um escuro para dar aquele tom bege neutro, batinha branca também com uma certa transparência bordada na gola e nas mangas, um cinto marcante preto, sapatos purpurinados ouro velho, uma bolsa bem grande preta, Ray-Ban de acetato de tartaruga clássico e um fedora de palha trançado à perfeição.

Estavam sentadas uma de frente para a outra, uma tomava um capuccino e a outra um expresso. Munidas de seus iphones com capas vermelho alaranjadas idênticas trabalhavam os dedos impacientemente. Terminaram seus cafés e levantaram. Uma entrou para pagar a conta enquanto a outra esperava olhando as revistas na banca. A primeira pagou a conta, saiu e elas foram embora.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Metalinguagem

Se eu fosse escrever um livro, sobre o que eu escreveria?


Já pensei em fazer um livro de culinária contando minhas experiências na cozinha e passando os conhecimentos culinários da minha família.

Já pensei também em um livro guia para mulheres que querem ser independentes de homens naquelas tarefas domésticas diárias em que muitas acham que eles são necessários.

Um livro sobre minha maneira de ver o design e a toda linguagem e comunicação que está inserida nele e que ninguém para pra perceber.

Talvez um livro sobre as histórias que eu já presenciei, já ouvi falar ou já sonhei.

Então, eu vi ontem o filme de Walter Salles, "Na Estrada". Nunca li o livro que deu origem ao filme, mas estou curiosa para ler. Metalinguagem. Um livro sobre o processo de construção de um livro. E no processo, todas as experiências que o autor passou para libertar a sua criatividade. A idéia em si é bem interessante, independente da história ser datada, ou clichê ou desinteressante, como dizem algumas críticas que eu li por aí.

Mesmo ouvindo muitas pessoas falarem mal, eu quero ler o livro, como quis ver o filme. Sou uma pessoa condescendente. Sempre procuro ver o ponto de vista dos outros para tentar entender suas ações, suas motivações. Na verdade, sou curiosa, eu quero saber o porquê das coisas e, consequentemente, das pessoas.

Taí outro tema que eu posso desenvolver num livro...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Lições de Vida

"A palavra vale prata, mas o silêncio vale ouro" dizia o senhor Luiz Francisco, meu pai. Dona Kátia Maria, como uma boa mãe, sempre foi mais direta: "Cala a boca, menina, por que calada você já está errada!".

Lições que vem da infância e que, quase sempre, eu levo comigo por onde eu vou. Cada dia mais eu penso antes de abrir a boca. Falo besteira, faço piada com os meus amigos, mas fora isso ando cada vez mais muda. Três fatos aconteceram nos últimos meses. Três vezes eu falei o que achava e três vezes me arrependi. Descobri coisas interessantes sobre o ser humano, no entanto, mais algumas lições para se juntarem aos ensinamentos dos maus pais.

Primeiro: ninguém quer a sua opinião, não de verdade, nem mesmo quando te pedem. E o mesmo serve para o seu conselho.

Segundo: se pra se safar de algum problema uma pessoa precisar "parafrasear" uma frase que não é exatamente sua, ela vai fazer.

Terceiro: as pessoas só se lembram das partes do seu discurso que elas querem lembrar. E das que precisam para se sentirem bem.

Quarto: ninguém pensa exatamente como você, mesmo quando diz que pensa.

Quinto: no final, errado é quem ouve os problemas dos outros e depois diz o que pensa e dá conselhos.

Resumo (e esse é um conselho, quer você queira ou não): se for seu amigo, ouça os problemas, dê colo, carinho e o que quer que você queira mais, menos a sua opinião. Você pode se arrepender. E se for só alguém que você conheceu, manda procurar um psicólogo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Certinha?

Eu sou uma pessoa chata. Gosto de andar na linha, de fazer as coisas conforme o figurino. Sigo, quase sempre, as regras que tem que ser seguidas. Caxias pode ser um dos adjetivos pra me descrever. Isso tudo não é por que eu sou uma boa pessoa, ou por que eu sou certinha, santinha. O que eu não gosto é de tomar uma regulada. Não gosto que me digam que eu estou errada. Esse comportamento aparentemente altruísta é pra esconder a minha porção mais egoísta: eu gosto de estar sempre certa. Eu quero ter razão e a melhor maneira de fazer isso é usar padrões, convenções e boas maneiras. Falar bem e baixo. Se não for ajudar, pelo menos não entrar pra atrapalhar. Isso pode nunca ter me dado prêmios, mas não é atras de reconhecimento que eu ando, de gente batendo palma pra mim dizendo como eu sou legal. Então não me venha dizer que você sempre foi bom e nunca recebeu nada em troca. Não venha me pedir pra fazer coisa errada por que fazer o certo nunca te trouxe nenhum benefício. Nunca abaixei minha cabeça pra fazer o que o chefe mandou, nem quando brincava de índio e agora, burra velha, é que eu não tenho mais estômago pra isso. Quer fazer errado, faça você. E não se preocupe, eu não sou daquelas pessoas que dizem "Bem que eu falei!"...