segunda-feira, 22 de março de 2010

A Charrete e A Montanha

Fazer e refazer. E o ciclo nunca se fecha. Não gosto de pensar em nada na vida como um círculo fechado que começa e termina no mesmo lugar. Não me conformo com a idéia de andar tanto e terminar no ponto de onde parti. Me lembro então do meu pai me explicando, como um professor à um aluno, com quadro negro e tudo.

Ele desenhou uma montanha e uma charrete na base dessa motanha. Depois desenhou a mesma charrete em varios outros pontos da montanha, subindo de um lado e descendo do outro. Então ele me disse: "Imagina que esse ponto na roda da charrete é o ponto da sua vida onde você está agora. Se a gente olhar só a roda rodando, sem ver o resto em volta, vai achar que esse ponto gira e volta sempre pro mesmo lugar. Mas olha agora o desenho todo. Tá vendo que, mesmo que o ponto gire e volte pro mesmo lugar, o movimento que ele impulsiona na roda faz a charrete subir a montanha? E depois descer? Quando você olha de novo o ponto lá no final desse caminho percebe que por mais que em relação à roda esse ponto não tenha se deslocado, em relação ao caminho percorrido o avanço foi muito grande. Você chegou a outro lugar, completamente diferente."

Sempre que bate o desespero de achar que as coisas vão e voltam mas não saem do lugar eu penso na roda da charrete e fico mais tranquila.

"E o que você viu e aprendeu no caminho só você pode saber, por que a sua charrete faz é só seu", disse meu pai, completando sua reflexão filosófica para uma menina de uns oito ou nove anos sentada, quieta, de boca aberta e sem saber que um dia aquela lição seria uma das mais importantes de toda a sua vida.

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