terça-feira, 4 de agosto de 2009

Recebi um e-mail ontem que me fez lembrar de alguns anos atrás, quando eu ainda estava na faculdade. O e-mail falava sobre as diferentes formas de ver a mesma coisa, sobre a beleza que uma coisa vista diariamente pode ter e nós não percebemos por estar sempre ali.

Assim que eu entrei na faculdade tive uma professora que disse que daquele momento em diante nós teríamos que reaprender a ver as coisas. Ela dizia que o bom designer precisa ver o mundo sempre com "olhos de novidade". Quando ela usava essa expressão, queria dizer exatamente o que estava escrito nesse e-mail que eu recebi. Uma coisa só te inquieta quando ela ainda é nova na sua mente, fresca. Se você se acostuma com alguma coisa, não questiona mais, você aceita que aquilo é o que é e não vê mais as suas nuances.

Eu morava em frente a praia, praticamente. Todos os dias quando ia pra faculdade pegava o ônibus num ponto de frente para o mar. O curioso é que até me atentar para isso, nunca parava para olhar essa vista como deveria. Quantas pessoas conhecemos que tem esse privilégio? Muito poucas, com certeza. Quando aprendi a olhar o mundo com olhos de novidade, aprendi a me impressionar todos os dias com um detalhe diferente daquela vista tão única. Um coqueiro, as diferentes cores do mar a depender de como estava o tempo, as pessoas indo tomar sol e banho de mar, como o mar estava calmo ou violento, se a maré enchia ou vazava, e mais muitas outras coisas. Cada dia aquela vista se tornava nova de novo. Essa era uma das melhores horas do dia pra mim, acabava com o mau humor matinal.

Sem querer, acabei me condicionando a ver as coisas com olhar de novidade. As coisas e as pessoas. Não vou dizer que tudo o que olho admiro como se fosse a primeira vez, mas muitas vezes me pego a olhar boba para alguma coisa que já está ali há muito tempo e ainda me intriga.

O e-mail falava sobre olhar de poeta. Eu concordo também que esse seja o olhar do poeta, sensível à beleza de coisas que os outros ignoram. Fica então uma dica pra quem quiser: olhem o mundo como se nunca tivessem visto antes. As coisas tomam uma dimensão tão maior e mais prazerosa e mais bonita que vale a pena de vez em quando parecer meio besta.

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