segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Sutiã

Estou pensando seriamente em fazer um "Curso para Meninas". Ia procurar as melhores que eu conheço em todas as áreas de atuação feminina, cada uma para dar uma aula. Faria módulos e tudo. O melhor seria que as meninas sairiam deste curso muito mais preparadas para enfrentar o mundo selvagem em que vivemos. Podia também ser um programa de tv tipo um "À prova de tudo" para meninas. Acho que ia bombar.

Uma das matérias seria só sobre sutiãs. Sério mesmo. O poder de um sutiã bem escolhido é surpreendente. Não só o tamanho certo. Algumas mulheres tem preconceito em usar tamanhos muito grandes ou muito pequenos. As vezes não percebem que com os anos vão crescendo ou que quando engordamos ou emagrecemos eles aumentam e diminuem junto. A ciência de se escolher um sutião vai muito mais além. É o modelo do bojo, ter ou não enchimento, arame e outros detalhes. O tipo de alça, largura e maneiras de prender naqueles que ela é móvel. Saber que aquelas fotos que vem presas com eles na loja passaram por várias sesões de photoshop e que a modelo provavelmente tem uns 18 anos e os peitinhos ainda olhando diretamente para as nuvens.

Dá ou não um módulo inteiro do curso? Acho que vou começar a escrever o material didático por esta parte.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As calçadas de Salvador

É sabido que os baianos superam muitas adversidades para morar numa cidade como Salvador. Para desfrutar das belezas naturais dessa terra precisamos lidar diariamente com diversos problemas sociais. Um desses problemas é a indra-estrutura precária que a nossa cidade possui.

Esse assunto me ocorreu essa semana. Já de volta das férias, no meu primeiro dia de trabalho, precisei andar um bom pedaço embaixo do nosso luminosíssimo sol de meio dia (tirando Fortaleza, ainda não vi um sol mais brilhante e iluminador cmo na Bahia)por uma calçada soteropolitana. Os engenheiros baianos que me desculpem, mas não se sabe fazer calçadas em Salvador.

Eu gosto de usar saltos. Gosto de verdade, acho que toda mulher fica mais bonita e elegante com um salto alto. As calçadas de Salvador, no entanto, não foram feitas para serem usadas por mulheres elegantes, é um fato.

Que tal usar um básico scarpin salto 7 numa calçada de pedras portuguesas da orla? Um desastre, posso dizer com experiência. Isso quando a calçada está com a manutenção em dia, por que muitas vezes os buracos tornam uma caminhada até um ponto de ônibus extremamente perigosa.

Se engana quem pensa que salto mais largos ou plataformas atenuam o problema. As irregularidades das lindas pedras portuguesas tornam qualquer andadinha em cima de uma plataforma algo como uma prova das antigas "Olimpíadas do Faustão", com direito as "Vídeo Cassetadas" no final.

Antes esse fosse o nosso único problema. Na verdade, esse é um dos mais fáceis de resolver. Alguns anos de prática aguçam o nosso equilíbrio surpreendentemente. Melhor do que qualquer coach de passarela do "America Next Top Model". O maior problema aqui, e nesse ponto que eu acho que nossos engenheiros são culpados, é que nenhuma calçada, pelo menos das novas pelas quais eu passei ultimamente, tem nível. Isso mesmo, todas são levemente enladeiradas para o meio da pista. Levemente é modo de dizer, na Manoel Dias eu realmente acho que vou acabar rolando nas enormes rampas que chamam de calçada. Alphaville, novo bairro nobre, sofre do mesmo problema. E quase todas as outras calçadas que eu conheço.

Bem, tentar se equilibrar no salto, em pedras portuguesas, numa calçada torta, é um desafio e tanto para qualquer mulher boa de salto. Quando eu vou e volto pela mesma calçada, menos mal. Na ida uma perna se acaba de doer, na volta ela descansa e a outra fica doendo. No final as duas doem igual. Mas quando a gente só vai ou só volta, é um pouco pior.

Me perguntaram um dia desses o que eu mais senti diferença (e vou sentir falta) nessa viagem que eu fiz. Eu pensei, mas não cheguei a dizer: das calçadas retas onde eu posso usar a vontade meus sapatos lindíssimos sem acabar com o salto, com as minhas pernas e sem correr risco de vida. Por isso lá fora eles tem mulheres elegantes.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Homem

Desde pequena meu pai sempre viajou muito. Vinha em casa nos fins de semana, as vezes só de quinze em quinze dias. Lembro de uma época em que passou uns dois meses no Pantanal pesquisando e a gente só falava com ele pelo rádio.

Nesse tempo, quando qualquer coisa quebrava em casa, mesmo que fosse algo bem simples, minha mãe dizia: "Tem que chamar o homem pra consertar". E essa sempre foi a frase para coisas que não podiamos fazer, afinal ficávamos em casa eu, ela e meus dois irmãos mais novos, além da babá. Uma ou duas vezes na semana ia um jardineiro, que podia fazer as vezes do "homem", a depender do serviço.

Nunca me conformei com a idéia de "chamar o homem". Demorava, até achar um homem pra fazer isso ou até meu pai voltar de viagem a gente tinha que ficar sem tomar banho quente, ver tv, fechar ou abrir uma porta ou janela e até sem comer alguma coisa gostosa dentro de um vidro impossível de abrir.

Comecei então a bisbilhotar sempre que alguém fazia algum reparo em casa. Olhava tudo. Desmontava qualquer coisa quebrada. Logo me especializei em trocar tomadas de fio. Tá, não é a coisa mais difícil do mundo, mas pra uma criança de seis ou sete anos é um grande passo. Era boa com manuais de uso de qualquer eletrodoméstico ou eletrônico. Aprendi a usar os ferramentas na horta e no jardim. Alguns truques na cozinha faziam o jeito substituir a força na hora de abrir as embalagens mais resistentes.

Com o tempo fiquei mais ousada. Hoje em dia troco resistência, faço pequenos consertos elétricos e hidráulicos, reboco, passo massa corrida, lixo e pinto paredes para depois furá-las para pendurar qualquer tipo de coisa que eu quiser. Monto e até faço móveis com algumas ferramentas básicas.

Há alguns dias estava em casa com uma peça de pendurar rede que me pai me deu. Uma tecnologia que ainda não conhecia, bastante simples até, que deixa o pino escondido quando você não está usando. Para isso, no entanto, é preciso quebrar a parede e chumbar a peça com cimento, dar acabamento e tudo mais. Aí alguém falou: "Pra instalar essa, só chamando o homem!" E meu irmão logo respondeu: "Quem precisa do homem quando tem Luiza em casa?"

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

De volta das férias. Queria um pouco mais. Durante esse tempo até tive vontade, uma ou duas vezes, de escrever coisas aqui no fotolog. Me concentrei e me mantive longe da internet por 15 dias. Não senti muita falta, no fim das contas.

Posso dizer que voltei mais leve, com as baterias recarregadas. Foram muitas coisas boas, novas ou não, nos ultimos dias e a cabeça completamente livre de qualquer problema que estivesse aqui em Salvador. Mesmo na pequena parte dessas férias que fiquei aqui. Completamente decidida a desconectar do meu mundo, consegui uma paz que há muito tempo não pensava que existia. Outros estresses acontecem. Muito menores, com certeza.

De volta, não sei se consigo continuar a mesma. Na verdade, não sei se quero. Na essência sempre somos os mesmos, não é verdade? Mas nas atitudes, nas ações, podemos mudar. Vi muita coisa esses ultimos dias. Lugares muito diferentes. Pessoas muito diferentes também. Podia observar, como num zoológico ou parque, ou interagir e absorver. Não sou de observar puramente.

Me sinto muito leve por um lado, e muito vazia por outro. Não vazia como um copo sem conteúdo, mas como um caderno em branco onde um novo capítulo começa. Pela primeira vez na vida não estou preocupada com o futuro. Não quero saber o que vai acontecer. Não estou ansiosa para que as coisas tomem rumo. Quero viver intensamente cada pequena etapa da formação desta nova história, sem correr nem brecar. Sem pensar como vai ser, sem planos para um futuro muito longe. Apenas vivendo os dias, um de cada vez, como eles foram feitos para serem vividos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vou ali e volto em umas duas semanas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O stress está me matando. Cada hora é uma coisa diferente e o corpo reage de uma maneira diferente também. Os dias passam correndo e parece que eu não fiz nada do que tenho pra fazer. A cabeça dói, o corpo já dá sinais de que não aguenta mais. Fui em alguns médicos e todos dizem que minhas doenças são fruto do meu stress. Ainda bem que semana que vem estarei de férias.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Recebi um e-mail ontem que me fez lembrar de alguns anos atrás, quando eu ainda estava na faculdade. O e-mail falava sobre as diferentes formas de ver a mesma coisa, sobre a beleza que uma coisa vista diariamente pode ter e nós não percebemos por estar sempre ali.

Assim que eu entrei na faculdade tive uma professora que disse que daquele momento em diante nós teríamos que reaprender a ver as coisas. Ela dizia que o bom designer precisa ver o mundo sempre com "olhos de novidade". Quando ela usava essa expressão, queria dizer exatamente o que estava escrito nesse e-mail que eu recebi. Uma coisa só te inquieta quando ela ainda é nova na sua mente, fresca. Se você se acostuma com alguma coisa, não questiona mais, você aceita que aquilo é o que é e não vê mais as suas nuances.

Eu morava em frente a praia, praticamente. Todos os dias quando ia pra faculdade pegava o ônibus num ponto de frente para o mar. O curioso é que até me atentar para isso, nunca parava para olhar essa vista como deveria. Quantas pessoas conhecemos que tem esse privilégio? Muito poucas, com certeza. Quando aprendi a olhar o mundo com olhos de novidade, aprendi a me impressionar todos os dias com um detalhe diferente daquela vista tão única. Um coqueiro, as diferentes cores do mar a depender de como estava o tempo, as pessoas indo tomar sol e banho de mar, como o mar estava calmo ou violento, se a maré enchia ou vazava, e mais muitas outras coisas. Cada dia aquela vista se tornava nova de novo. Essa era uma das melhores horas do dia pra mim, acabava com o mau humor matinal.

Sem querer, acabei me condicionando a ver as coisas com olhar de novidade. As coisas e as pessoas. Não vou dizer que tudo o que olho admiro como se fosse a primeira vez, mas muitas vezes me pego a olhar boba para alguma coisa que já está ali há muito tempo e ainda me intriga.

O e-mail falava sobre olhar de poeta. Eu concordo também que esse seja o olhar do poeta, sensível à beleza de coisas que os outros ignoram. Fica então uma dica pra quem quiser: olhem o mundo como se nunca tivessem visto antes. As coisas tomam uma dimensão tão maior e mais prazerosa e mais bonita que vale a pena de vez em quando parecer meio besta.