quarta-feira, 6 de maio de 2009

De volta

Um dia eu acordei e as coisas estavam muito diferentes. Eu estava deitada numa cama que não era a minha, numa casa que eu não conhecia, com pessoas que eu nunca tinha visto me chamando por um nome que não era o meu. Lembrei daqueles filmes estranhos onde colocam as pessoas no hospício por causa de confusões tipo essa, então fingi que estava tudo normal.

Levantei e vesti uma roupa estranha. Bem, eu sempre gostei de roupas estranhas, então isso não foi um problema. O meu tamanho parecia o mesmo, minha aparência também. Pelo menos isso. Os móveis não pareciam com os móveis que conhecemos, assim como todos os objetos de dentro de uma casa normal. Levei mais de uma hora no banheiro para entender a dinâmica das coisas de lá.

O café da manhã beirava o bizarro, mas só na aparência. As cores eram esquisitas, as formas eram piores ainda. O gosto, no entanto, era muito bom. Tentei engatar uma conversa com a galera da casa pra ver se descobria alguma pista do que estava acontecendo. Ninguém conseguiu me esclarecer muita coisa, mas descobri que só teria que trabalhar no final do dia. Trabalho noturno, isso parecia interessante. Só não sabia ainda qual era o trabalho, mas tudo bem.

O dia passou corriqueiro. Dei uma busca em todo o quarto pra ver se descobria alguma pista. Nada. Saí pelas ruas e elas eram estranhamente familiares. Tinha certeza que nunca tinha passado por nenhuma delas, mas sabia andar nelas. Apesar de toda a situação ir ficando cada fez mais surreal durante o dia, eu estava me acostumando com tudo aquilo.

Comecei a pensar o que aconteceria se não achasse um caminho de volta pra casa, pro meu mundo. Depois de um tempo refletindo sobre isso, começaram as dúvidas. Será que estou num sonho? Parecia muito mais real que um sonho. Se fosse sonho eu conseguiria voar mas, na dúvida, claro que não pulei de um p´rédio, mas de uma muretinha de cerca de um metro de altura. Quase me estaboquei no chão. E se a minha outra vida fosse um sonho? As coisas eram estranhas, mas não ao ponto de me assutarem, me sentia realmente aconchegada nessa realidade paralela. Por que, sim, podia ser uma espécie de realidade paralela, uma viagem do tempo mal (ou bem) sucedida.

Não sabia mais o que fazer ou pensar. Nada parecia fazer muito sentido, mas tudo estava em seu lugar. Não era alguma coisa que me deixasse em pânico, epo contrário, começou a ser bem divertido. Passava por algumas pessoas familiares na rua e falava com elas. Algumas retribuiam e outras não. Vai ver eu estava confundindo os amigos antigos e os novos. Que confusão estava a minha cabeça.

Parei e me concentrei. Voltei para a minha(?) casa. Tinha uma caixa que lembrava uma tv e umas imagens psicodélicas, coloridas e amorfas, quase hipnotizantes. Não me encheu os olhos e eu voltei ao quarto. Ainda era cedo para ir ao trabalho. Não sei como, mas sabia disso. Resolvi tirar um cochilo. Quem sabe a confusão não se desfazia.

Acordei pouco tempo depois. Estava tudo igual, quer dizer, diferente ainda. Levantei e fui trabalhar. Precisava me inteirar da nova rotina pois parecia que eu continuaria muito tempo ainda por ali...

Um comentário:

- Luli Facciolla - disse...

Nossa... Fiquei confusa...
Quase perdi o fôlego...

Beijo