quinta-feira, 28 de maio de 2009

Oração

Que os maus olhos, as más linguas e os maus pensamentos passem por mim e não me atinjam.

Que a minha fé, a minha esperança e a minha perseverança vençam no fimal.

Que o inferno astral que se aproxima esse ano seja brando. E que a promessa de um futuro melhor abrande também os espíritos a minha volta.

Que eu passe por mais uma turbulência e encontre o sol brilhando sobre as nuvens.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Almodovar

Ontem queria postar uma foto minha no fotolog. Procurei, mas procurei tanto! Não achei. Todas as que eu tenho aqui já postei. Tirando umas que mostram as minhas novas banhas não achei nada(sim, por que eu já tinha naca e culote, mas banha na barriga é novidade). Foi aí que comecei a pensar...

Eu invejo um pouquinho as pessoas que gostam de tirar muits fotos de si mesmas e dos outros e com os outros e de se deixar fotografar também. Eu nunca fui muito fã de fotos. Não acho que seja fotogênica (uns dois ou três amigos fotógrafos discordam, mas nunca me provaram o contrário com uma foto boa minha). Eu nunca tiro fotos de mim mesma.

Um dia desses entrei no elevador e me achei particularmente bonita. Meu cabelo estava domado, a maquiagem bonita e discreta, uma carinha boa mesmo, sem aquele ar cansado de ultimamente. Saquei me celular e lá fui eu tirar uma foto. Nesse momento, logo após ver o resultado, lembrei o porquê de não gostar de fotos minhas: na maioria saio com cara de traveco de Almodovar.

Impressionante! Aquela cara de menino-virando-homem com narigão e olhos fundos pintados e com cabelos compridos. Uma coisa horrorosa! Semprte assim. Quando eu pinto a boca de vermelho então, aí piora tudo.

Isso quando o ar melancólico das eternas olheiras negras (não existe nada que acabe com elas) não me deixa com cara de adolescente problemática suicida. Um caso sério. Nem com as expressões da idade, por que sim, ela está chegando, me tiram esse ar le adolescente problemática nas fotos.

E o pior de tudo é que nem em acho feia, ams sabe aquela pessoa que não é fotogência? Sou eu. Por isso acabei desistindo de fotos minhas. Continuarei a postar no fotolog fotos de plantas e desenhos bonitos e, eventualmente, uma foto mais ou menos tirada em algum evento, só pra comprovar aminha teoria.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Surpresas

Quer frase mais brega do que "A vida é uma caixinha de surpresas"?

Ainda assim essa é umas das frases mais verdadeiras que eu conheço. Estava pensando em um tema para escrever hoje e sem não tinha idéias. Então comecei a pensar em todas as coisas que andaram acontecendo nos últimos tempos. Muitas coisas.

Há um ano atrás eu nem imaginava que estaria aonde estou hoje, ou como estou hoje. Estava planejando com uma amiga (a melhor, diga-se se passagem) uma viagem libertadora. Uma semana no exterior, só nós duas, soltas no mundo. Estava passando por alguns problemas conceituais no trabalho, que depois descobri serem mais fruto da minha cabeça do que qualquer coisa.

De lá pra cá aconteceram tantas coisas, mas tantas coisas, que se fosse fazer uma lista eu nem saberia por onde começar. Mas não reclamo, pelo contrário, estou feliz com as mudanças que aconteceram até agora. Algumas vem atreladas a problemas, outras a soluções. O refrescante (sim, como um bom copo d'água gelada) é que até os problemas são novos e estão se mostrando mais passíveis de solução, apesar de serem muito maiores.

Aprendi em pouco mais de um ano muitas coisas. Graças a pessoas que já conheço há quase uma vida e a outras que desejo que continuem comigo para o resto dela, apesar de terem chegado há pouco tempo. Cada uma com sua bagagem me deu um novo fôlego.

Conhecimentos adquiridos: as esperiências, novas e antigas, aumentam a nossa resistência para o que está por vir; as pessoas mudam independente de nós e apesar de nós, nós não mudamos ninguém mas podemos ajudar e inspirar as pessoas sendo nós mesmos; as vezes temos que escolher entre os nossos os que precisam mais da nossa atenção, mesmo que isso machuque outros; precisamos confiar em quem amamos, independente de acharmos que eles são frágeis ou desprotegidos, amar não é proteger da queda, mas estar apostos para acudir depois dela a qualquer momento; chorar faz parte, assim como querer colo de vez em quando (apesar de nem sempre acharmos alguém que vá perceber se a gente não pedir); abrir mão de algumas manias pode ser bem positivo; comer demais engorda sim e fazer dieta é muito difícil; o tempo não para (e olha que Cazuza sempre me disse mas eu nunca acreditei).

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Meu Herói

A primeira palavra que eu falei foi para chamá-lo. Sempre trabalhou longe. Ficava alguns dias, as vezes semanas, longe de casa. Curiosamente só me lembro de quando ele estava por perto. Nossas brincadeiras na infância e nosso trabalho duro plantando e replantando a horta, construindo a estufa, plantando nossas araucárias (tínhamos mil mudas!), de tudo isso eu lembro como se fosse ontem.

Meu herói.

Me defendia de bicho papão, de cachorro brabo e de cobra. Me botava no colo e me deixava segura. Me ensinou muitas das coisas mais valiosas que eu sei hoje, sobre gente, sobre planta, sobre politica, sobre pedras, sobre amor. Tem gente que não tem paciência pra ele quando começa a contar histórias. Eu adoro as suas histórias.

Meu amor.

Mesmo longe sempre esteve perto. De longe a gente passeava dormindo, combinava nossos encontros em qualquer lugar do mundo. Ele diz que quando a gente dorme nossos
espíritos podem fazer o que quiser. E eu acredito em tudo o que ele diz.

Meu professor.

Me ensinou a fazer arroz, macarrão e bolo sem receita. Me ensinou que a distância não destrói os laços, fortifica. Descobriu, quando nem eu mesma sabia, o que eu ia ser quando crescesse. Me dá força sempre que eu preciso. Me ensinou que a vida tem altos e baixos, mas que nós é que damos direção a ela.

Meu pai.

Ontem, pela primeira vez, eu o vi frágil. Pela primeira vez eu o ouvi chorar. Queria poder estar do seu lado. Queria poder retribuir o colo, os afagos, os beijos. Queria dividir com ele a dor da perda. A perda de um irmão, amigo e companheiro não é fácil. Queria poder ajudar mais. Sofro com o seu sofrimento e espero que o tempo abrande o seu coração.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Exercício de Descrição

"Entrando pela porta tem uma espécie de corredor, um pequeno hall. Se olhar pra cima, vê um armário alto. Lá estão guardados lençóis. A direita tem o interruptor de luz, uma sapateira enorme e recheada e um espelho de corpo quase inteiro. A esquerda um cabideiro de parede cheio de coisas penduradas, roupas, bolsas e um ursinho de pelúcia também. A esquerda ainda, preso numa viga no teto, um mensageiro dos ventos cor de rosa choque.

Entrando de verdade vemos o todo. A esquerda tem uma estante alta e cheia de livros, papéis, caixinhas para bijuterias (todas transbordando de coisas) e mais um monte de coisas. Um pouco a frente uma mesa em L para o computador, com uma gaveta embaixo e mais duas prateleiras cheias de pastas. Em cima da mesa duas estantes estreitas. Tanto na mesa quanto na primeira estante mais um monte de caxinhas com brincos, pulseiras, relógios e colares. Na estante mais de cima ficam os dvds e alguns livros também.

Do outro lado, a direita, está todo o resto. Duas camas no meio, sempre com lençóis e colchas iguais, um travesseiro em cada e duas almofadas. No meio das camas tem um criado mudo novo, branquinho. O criado tem uma prateleira dividindo a parte de baixo em duas. A coleção de Harry Potter fica ali. Tem um abajur branco. Ele é novo também.

A janela é bem grande e fica na frente das camas e a cortinha é uma persiana rosa bem clarinha. Ah, do lado da janela tem um quadro de metal vermelho cheio de ímãs diferentes. Tem um que parece um mosquito, tem um com a forma da garrafa da coca cola, tem várias flores e uma árvore também. E tem um em forma de boca carnuda.

Na parede da direita, lá no final, fica o guarda roupa. É grande e ocupa a parede toda. Tem uma parte minha, uma parte da minha irmã e um no canto que nós dividimos. Em cima em um maleiro enorme. Em um estão toalhas de banho, em outro estão as colchas e cobertores, e no do canto tem um monte de coisas.

Tem ainda um ventildor de teto. O chão é de madeira e as paredes brancas."


Quando a gente começa a estudar outra lingua, faz vários exercícios de descrição. Deveria se treinar mais isso em português também, quando a gente começa a escrever. Tem gente que até hoje, depois de passar pelos ensinos fundamental, médio e superior, ainda não sabe fazer isso.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Despair

As vezes a gente se vê envolto num mar de desepero que parece não ter fim. Nada parece estar certo, nada é bom o suficiente, as coisas ficam embaralhadas e sem sentido. A gente não entende o que está acontecendo, nem com a gente nem com os outros, que parecem cobrar cada vez mais a nossa presença, a nossa atenção ou o nosso trabalho. No final, nada dá certo.

Bate uma tristeza, uma vontade de desistir, de entrar embaixo da cama e ficar por lá durante uma semana. A frustração de não alcançar os nossos objetivos nos deixa fracos e com um sentimento de impotência tão grande que cega a gente pro resto da vida.

Posso dizer que nos últimos anos isso já aconteceu comigo algumas vezes. Cada hora por um motivo diferente. Às vezes a gente superestima alguns problemas e subestima o que pode nos alegrar apesar deles. Os problemas não somem de uma hora para outra e em muitos momentos somos impotentes mesmo diante deles. Deixar que eles tomem conta da nossa vida no lugar das coisas boas que podemos aproveitar é estupidez. E sei disso por ter sido muito estúpida até hoje.

Descobri há pouco tempo e depois de cair bastante, que a maneira como encaramos a nossa vida, os nossos problemas faz toda a difenrença. Depois de muito tempo descobri que os ensinamentos de Poliana é que estavam sempre certos. Se eu tivesse ouvido ela aos 10 anos, quando li o livro pela primeira vez, não teria passado por tantos percalços.

Do meio pro final do ano passado passei por uma fase bem deprê. Descobri que cada coisinha boa durante o dia anula uma coisa ruim que nos atazana. Uma conversa amiga, um beijo carinhoso, um abraço protetor, compras no sábado a tarde, o sovete que a gente mais gosta, uma dose de tequila, ver um bom filme no cinema, andar por um lugar bonito só por andar...

Descobrir o que nos afasta das coisas ruins é imprescindível. E muitas vezes uma figa no pescoço e um banho de sal grosso ajudam bastante!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

De volta

Um dia eu acordei e as coisas estavam muito diferentes. Eu estava deitada numa cama que não era a minha, numa casa que eu não conhecia, com pessoas que eu nunca tinha visto me chamando por um nome que não era o meu. Lembrei daqueles filmes estranhos onde colocam as pessoas no hospício por causa de confusões tipo essa, então fingi que estava tudo normal.

Levantei e vesti uma roupa estranha. Bem, eu sempre gostei de roupas estranhas, então isso não foi um problema. O meu tamanho parecia o mesmo, minha aparência também. Pelo menos isso. Os móveis não pareciam com os móveis que conhecemos, assim como todos os objetos de dentro de uma casa normal. Levei mais de uma hora no banheiro para entender a dinâmica das coisas de lá.

O café da manhã beirava o bizarro, mas só na aparência. As cores eram esquisitas, as formas eram piores ainda. O gosto, no entanto, era muito bom. Tentei engatar uma conversa com a galera da casa pra ver se descobria alguma pista do que estava acontecendo. Ninguém conseguiu me esclarecer muita coisa, mas descobri que só teria que trabalhar no final do dia. Trabalho noturno, isso parecia interessante. Só não sabia ainda qual era o trabalho, mas tudo bem.

O dia passou corriqueiro. Dei uma busca em todo o quarto pra ver se descobria alguma pista. Nada. Saí pelas ruas e elas eram estranhamente familiares. Tinha certeza que nunca tinha passado por nenhuma delas, mas sabia andar nelas. Apesar de toda a situação ir ficando cada fez mais surreal durante o dia, eu estava me acostumando com tudo aquilo.

Comecei a pensar o que aconteceria se não achasse um caminho de volta pra casa, pro meu mundo. Depois de um tempo refletindo sobre isso, começaram as dúvidas. Será que estou num sonho? Parecia muito mais real que um sonho. Se fosse sonho eu conseguiria voar mas, na dúvida, claro que não pulei de um p´rédio, mas de uma muretinha de cerca de um metro de altura. Quase me estaboquei no chão. E se a minha outra vida fosse um sonho? As coisas eram estranhas, mas não ao ponto de me assutarem, me sentia realmente aconchegada nessa realidade paralela. Por que, sim, podia ser uma espécie de realidade paralela, uma viagem do tempo mal (ou bem) sucedida.

Não sabia mais o que fazer ou pensar. Nada parecia fazer muito sentido, mas tudo estava em seu lugar. Não era alguma coisa que me deixasse em pânico, epo contrário, começou a ser bem divertido. Passava por algumas pessoas familiares na rua e falava com elas. Algumas retribuiam e outras não. Vai ver eu estava confundindo os amigos antigos e os novos. Que confusão estava a minha cabeça.

Parei e me concentrei. Voltei para a minha(?) casa. Tinha uma caixa que lembrava uma tv e umas imagens psicodélicas, coloridas e amorfas, quase hipnotizantes. Não me encheu os olhos e eu voltei ao quarto. Ainda era cedo para ir ao trabalho. Não sei como, mas sabia disso. Resolvi tirar um cochilo. Quem sabe a confusão não se desfazia.

Acordei pouco tempo depois. Estava tudo igual, quer dizer, diferente ainda. Levantei e fui trabalhar. Precisava me inteirar da nova rotina pois parecia que eu continuaria muito tempo ainda por ali...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ciclos e Metáforas

Alguns ciclos se fechando e outros se abrindo. Nesse meio tempo coisas boas acontecem e algumas outras se perdem pelo caminho, ou pelo menos ficam em stand by enquanto resolvemos o que achamos mais importante.

Quando eu era pequena meu pai costumava me explicar coisas muito complexas para uma criança. Coisas que eu não entendia muito bem, mas sempre deixei como informações guardadas e com o tempo e o conhecimento adquirido ao longo dos anos esclareci cada uma das conversas que tivemos.

Numa dessas conversas ele me falou sobre a roda da fortuna e como a vida é composta por altos e baixos. Que a vida da gente é como um ponto na extremidade da roda de uma carroça, que seria essa a roda da fortuna. Que as nossas decisões que direcionam a roda pra cima ou para baixo e que se a gente direcionar nossa roda pra cima, mesmo o pior momento de hoje não será tão ruim quanto o de ontem, mas se direcionarmos a roda para baixo aí o melhor de hoje pode ser ainda pior que o pior de ontem. Não sei se dá pra entender direito assim, na época ele teve que desenhar pra eu entender essa parte.

Bem, essa história toda foi pra mostrar que a vida não segue numa linha reta, que as coisas nem sempre são boas, mas também não são sempre ruins. Que a gente pode dar a direção e sentido, mas que os altos e baixos, buracos e lombadas, estão fora do nosso controle.

Sempre gostei das metáforas do meu pai.