quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ela estava na beira da piscina de biquini rosa choque, grandes brincos de acrílico e viseira. A boca bem pintada de vermelho, em uma mão um cigarro apagado, provavelmente roubado da carteira do pai e na outra um copo cheio de gelo e detergente vermelho (imitando um copo de campari). Devia ter uns oito ou nove anos nessa época e isso para ela era ser adulta.

Procurava no guarda-roupa algo que se parecesse com as coisas que sua mãe costumava usar. Escondido, se enfiava no banheiro e pintava os olhos e a boca de cores vibrantes. Calçava um dos sapatos da mãe, ainda folgado, mas não tinha problema. Uma bolsa combinando com os sapatos e estava pronta. Fingia que o sofá da sala era o seu carro. Enquanto dirigia tomava conta dos filhos, uma boneca da xuxa daquelas de quase um metro e um boneco do fofão, gritando para que parassem de brigar enquanto ela estava ao volante.

A noite, depois do banho, vestia o roupão, amarrava uma toalha na cabeça e passava uma pasta verde que achara uma vez no banheiro da mãe e que dizia no rótulo ser máscara de tratamento facial. Corria na cozinha e trazia dois pepinos. Deitava na cama com a tv ligada, colocava os pepinos sobre os olhos e ficava lá. Aquilo coçava mas ela nem ligava.

Quase vinte anos depois ela chega na casa da mãe cansada do trabalho. Entra no quarto que costumava ser dela, tira os sapatos e descansa a bolsa no cabideiro. Toma um banho no banheiro que era seu e coloca uma camisola que ainda deixa no seu antigo armário. Corre para o quarto da mãe e deita no seu colo. Passa algumas horas vendo tv deitada enquanto a mãe fala no telefone, antes de voltar para a sua vida de adulta.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Cozinha

Até algum tempo atrás eu tinha um pouco de medo de cozinhar. Sempre foi uma coisa que gostei muito de fazer, mas sempre pra mim. No máximo meu irmão dividia comigo essa aventura. Aventura por que a gente nunca sabe o que vai sair, né? As vezes ficava bom, as vezes não. Quase uma loteria. (Eu, sempre com muita fome quando resolvia cozinhar, achava tudo muito bom).

Meu pai e minha mãe cozinham muito bem, sendo assim, tive dois grandes mestres na arte culinária. Meu pai, com a sua cozinha rápida e tradicional e minha mãe nas experimentações, pratos típicos e grandes quantidades.

Em casa eu aprendi a usar algumas coisas práticas, outras nem tanto. Arroz mesmo quem me ensinou foi meu pai, e tem que ser temperado. Arroz sem alho e cebola refogados simplesmente não dá. Já o feijão, muito cheio de carnes (e gordura) aqui da bahia, toma outra cara da maneira que minha mãe faz, só com um pouquinho de bacon, alho e cebola também. Somos uma familia de alho e cebola.

Ultimamente eu estou me aperfeiçoando. Perdi o medo de tentar depois dos ultimos presentes que ganhei, a cada dia minhas experiências estão mais intensas. Posso dizer que sou a rainha das saladas e dos acompompanhamentos, mas ainda não sei fazer carnes muito bem. Em massas eu me garanto, faço até uns molhos diferentes bem interessantes.

Mais um medo que eu perdi na jornada para a vida adulta.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tranquilidade

Uma rede, esse é o meu sonho. Mas não uma rede em qualquer lugar, mas uma rede pendurada em dois coqueiros, na beira de uma praia quase deserta. Uma praia de areias claras e mar azul e tranquilo. Bebendo água de coco e sentindo a brisa do mar bater devagar no rosto. Vendo ao longe pescadores trabalhando para buscar um peixe que vai virar almoço em algumas horas na brasa. Cochilando antes de preparar a comida. Sim, por que o meu sonho não precisa de vários criados que façam as minhas vontades. Um livro tranquilo para o inicio da tarde, mais um cochilo na rede, um banho de mar no fim do dia. À noite assistir a um filme leve e dormir cedo. Nada demais, mas algo difícil nos últimos tempos. E quem não quer ter um pouco de tranquilidade de vez em quando?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Curiosidade

Cada dia que passa me descubro mais curiosa. Meu pai sempre me dizia que "quem tudo quer saber, mexerico quer fazer", mas eu não quero saber das coisas pra poder falar pros outros não. Quero saber só pra estar por dentro mesmo. Já tive até a lingua grande, mas estou bem melhor hoje em dia.

Uma coisa que eu faço é tentar prestar atenção no maior numero de conversas possíveis a minha volta. É meio neurótico, mas divertido. As conversas que a gente ouve na praia mesmo, são muito boas. As de bar são as melhores! Aqui no trabalho eu tento estar por dentro da amior parte das coisas, assim, quando sobra pra mim fazer alguma coisa, já estou sabendo e resolvo tudo mais rápido.

Engraçado é quando alguém está conversando perto de mim, mas não necessariamente comigo e de repente eu, num ato de descontrole, me meto na conversa. É meio embaraçoso, mas quase sempre bem divertido.

É definitivo?

Andei pensando. Não sei até que ponto isso é bom ou ruim, mas tudo bem. Percebi esses dias o quanto é difícil tomar decisões definitivas. Tipo, daquelas que a gente não pode voltar atrás mesmo. Essas eram as mais fáceis pra mim, normalemente, mas o problema é que ando pensando demais.

Quem vê assim até pensa que eu tive alguma decisão de vida enorme para fazer, né? Nada. Minha duvida definitiva foi a de terminar ou não meu fotolog. E que dúvida!!! Eu pesquisei, vi tudo como fazia, quando finalmente achei o botão e tinha escrito nele "excluir definitivamente", eu congelei. Não consegui apertar o botão. Parece piada, mas é verdade. E olha que eu não uso esse fotolog assim, tanto, pra ter esse amor todo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Viernes 3 a.m.

Como não consegui escrever nada meu, peguei emprestada essa musica de Herbert (Viana), uma das minhas preferidas dele. Chama Viernes 3 a.m..

" A febre de um sábado azul e um domingo sem tristezas te esquiva do teu próprio coração e destrói tuas certezas. E em tua voz só um pálido adeus. E o relógio no teu pulso marcou às seis.

Um sonho de um céu e de um mar, de uma vida perigosa, trocando o amargo pelo mel e a as cinzas pelas rosas, te faz bem tanto quanto mal. Faz odiar tanto quanto querer demais.

Você trocou de tempo e de amor, de música e de idéias. também trocou de sexo e de Deus, de cor e de bandeiras. Mas em si nada vai mudar. E o sensual abandono virá. E o fim.

Então levanta o cano outra vez e aperta contra a testa. E fecha os olhos e vê um céu de primavera. Bang, bang, bang. Folhas mortas que caem. Sempre iguais os que não podem mais se vão."

É deprê mas é muito linda.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ingenuidade?

Eu não sei porque ainda insisto. Não sei por que acho que as pessaos vão sempre reconhecer os meus esforços para que as coisas dêem certo. Isso não existe. Não que eu faça nada esperando nenhum reconhecimento. Na verdade, já passei dessa fase há muito tempo. Tudo o que eu faço, faço pra mim. O que eu espero não é o reconhecimento em si. O que eu realmente quero é poder contar com essas pessoas que contam comigo sempre que precisam. Queria que a confiança fosse recíproca. Queria poder acreditar e me fiar no que certas, não todas, pessoas que eu conheço falam. Isso também não existe. E a vida continua. Ingênua sou eu que julgo os outros por mim e acho que favor, quando se faz, não se joga na cara.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vícios

Todas as pessoas que eu conheço ou conheci tem algum tipo de vício. Os meus mudam de tempos em tempos a depender dos elementos externos. Já fui viciada em livros, em malhação, mas o meu maior e mais forte são as compras.

Eu adoro fazer compras. Qualquer tipo de compras. Pode ser no mercado, na feira, no shopping. Até no sinal. O que eu gosto não é de gastar dinheiro, mas de escolher coisas novas. Adoro coisas novas, nem que seja um tomate novo!

Há um ano estou me controlando. Faz exatamente um ano que comprei a minha ultima calça jeans. Depois de um ano também sem comprar sapatos, me dei um de aniversário. Por causa dessa mudança de hábito, adquiri outro vício, ainda pior: comer. O resultado óbvio do meu mais novo e perigoso vício já é visivel pra quem me conhece há alguns anos. Não que esteja gorda, mas estou bem maior, é um fato.

Essa noite toda eu sonhei que fazia compras. Acho que nunca fiz tantas compras na vida. O shopping estava todo em promoção, como realmente está, e eu comprava feito louca. E não adiantava dormir e acordar por que quando eu dormia de novo o sonho continuava de onde havia parado. Resultado? Acordei com muito menos vontade de comer qualquer coisa!

Será que existe algum tipo de terapia que seja baseada em aliviar tensões através do sonho? Se tiver, acho que eu estou precisando de uma dessas.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Nuances

Ontem, depois de uma conversa, percebi uma coisa que estava meio na cara desde sempre mas que eu nunca tinha posto em palavras. Na verdade eu sempre soube que homens e mulheres tem muitas diferenças, é claro. Mas eu também percebi que certas coisas eles nem notam...

Mulheres percebem mais os detalhes, certo? A percepção visual da mulher é muito maior do que a do homem e a fisiologia do globo ocular, diferente. Uma mulher consegue perceber uma quantidade de cores muito maior do que os homens. Quando digo quantidade, digo das diferentes nuances. No final cheguei a conclusão que esse é um padrão. As mulheres conseguem perceber tudo com mais acuidade, vamos dizer, tem "meio-termos".

Quero dizer com isso que para uma mulher nada é simplesmente bom ou ruim. Uma coisa pode ser mais ou menos. Existe um morno-quente e um morno frio, por exemplo. Existe uma coisa boa que é ruim ou ruim que é boa. Ou então um amigo chato mas que é legal. As mulheres tem vários pontos de vista sobre um mesmo assunto. Conseguem se colocar melhor no lugar dos outros e ver partes boas em situações ruins (e partes ruins em situações boas, mas nada é perfeito).

Agora, vai tentar explicar isso para um homem. E é aí que entra a conversa de ontem. Quase morri tentando explicar todas essas variedades de uma mesma coisa. Um homem pergunta se você gosta ou não de uma certa coisa e quando você vai explicar, ele acha ruim. Quer uma resposta direta, sim ou não, mas isso é muito difícil para uma mulher. No final ganhei um bico e cara feia durante uma meia hora por não falar a verdade. Mas o maior problema foi que o tempo todo a única coisa que eu fiz foi falar a verdade.

A partir de agora vou tentar simplificar mais pra ver se a comunicação acontece sem ruídos. É um pouco difícil, mas prometo que pelo menos vou tentar.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Amenidades (ou não)

E o tempo passando. As coisas sendo atropeladas. Cansada já das pessoas prometerem que vão fazer as coisas e me ligarem em cima da hora pedindo pra eu resolver. Será que ninguém percebe que as vezes eu preciso de ajuda? O maior problema é você resolver o que ninguém resolve. Daí em diante todo mundo se fia em você e esquece de pensar por si só. Eu acredito na independência. Não consigo depender de ninguém para nada. Por isso aprendi a fazer pequenos reparos elétricos, trocar resistências e até chuveiros inteiros, consertar alguns problemas hidráulicos e quase tudo que precise de uma chave de fenda ou martelo. Abro sozinha qualquer embalagem, carrego peso. E se, no fim das contas não posso fazer alguma coisa sozinha, sei onde achar quem eu pague pra fazer (por que favor eu não peço). Assim a minha vida vai muito bem. Eu as vezes queria que as pessoas fossem mais assim também.

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Hoje o dia começou especialmente desagradável. Acho, pelo menos, que as coisas devem melhorar até o início da noite. Sinais de sol depois da tempestada da manhã já surgiram (literalmente!:-).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dodói

Attttcccchhhhhimmmmmmm!!!!!!!!

Meu nariz já está assado, parece uma torneira quebrada. Minha cabeça dói. Meus olhos estão ardendo. Minha garganta arranhada.

Cof, cof, cof!!!

Não consigo completar uma frase sem tossir ou espirrar. Tá foda. Tomara que não seja gripe suina!

Só pra divertir, uma charada que minha mãe inventou quando era pequena:
- 2 palavras, É UMA DOENÇA:
1 - tem no mato (é um bicho)*
2 - tem na igreja (faz barulho)*

* os parenteses são dicas, para ajudar.









Não sabe?
-> no mato tem TATU
-> na igreja tem SINO

Resposta: Tatusino, tá doente.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pós-Aniversário

Hoje, no pós-aniversário, as coisas voltam ao normal. Mais ou menos, já que eu cheguei a conclusão recentemente que normal mesmo a minha vida não vai ser nunca. Faz parte, eu acho. Se fosse muito certinha mesmo eu ia ficar meio de saco cheio.

Estou feliz da vida hoje. O dia ontem foi calminho, mas foi massa. Comprei um sapato vermelho e preto de cobra meio brilhante. Um arraso. Já tenho uma coleção de cobras, duas vermelhas! Não preciso nem dizer que já sai de casa com ele hoje, né? Minha mãe me deu um baby doll de cobra também, mas de cobra discreta. Ela nem percebeu que era de cobra até eu mostrar...

No mais tudo certo. A vida continua, agora com mais um ano nas costas. Mas é também mais uma no de lembranças, experiências. É bom ver as coisas pelo lado bom também. E eu ando extremamente Poliana nesses ultimos tempos.