sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Escrever é um passatempo interessante. As vezes relaxa, as vezes aumenta a angustia. Outras vezes serve para fingir que estamos nos comunicando com quem não podemos mais ver ou falar. Escrever exige muito da imaginação, da memória. Nunca sabemos exatamente quem está lendo o que a gente escreve. Não sabermos se estamos passando a mensagem que gostaríamos. Isso é parte do mistério da comunicação. Nunca podemos ter certeza que a nossa ideia está sendo transmitida sem ruídos.

Escrever é desabafo também. E é arte, por menos artísticas que as nossas palavras sejam. É preciso compor as letras em palavras em frases e tudo tem que fazer sentido. Ou não. Depende do objetivo. O sentido só precisa existir se esse for o objetivo da sua escrita. Tem horas que a ideia é apenas se deixar transbordar pra não explodir com tudo que está dentro da cabeça. Pq o cérebro é uma coisa estranha que junta tudo que a gente vai vendo, um colecionador compulsivo, um acumulador. E se a gente não bota pra fora ele pira. Então a gente escreve pra não pirar.

De vez em quando eu escrevo para alguém em especial. Outras vezes escrevo para mim, E ainda tem vezes que escrevo para todo mundo que queira ler. No final, são esses últimos o publico final de qualquer texto daqui, mesmo quando as palavras não são pra eles. Existe sempre a fantasia de que a mensagem vai chegar onde a gente quer que ela chegue, mas a realidade bate sempre deixando claro que isso não é possível. Então a gente finge que é pra poder chegar no final. Pra poder dizer o que a gente quer que o outro escute mesmo sabendo que isso não vai acontecer,

Pouco do que eu escrevo acaba publicado aqui no blog. Essa ideia de expor nossos pensamentos é bem contraditória no fim das contas. De um lado existe a vergonha da exposição, sempre existe. Por isso tem muita coisa guardada nos rascunhos da vida. Do outro lado existe essa vontade de mostrar um ponto de vista, de dizer alguma coisa que ficou guardada e esperar, no sentido der ter esperança mesmo, que alguém vai ouvir e se importar. Eu não sou muito fã de monólogos, mas quando o diálogo não é mais possível, a gente apela para o que é. E é tão ruim falar sem saber se está sendo ouvido, mas pior ainda é não poder nem falar. Então a gente usa as armas que tem e espera. E fantasia que em algum momento a mensagem chegou.

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